A “Arte no Bairro” aproxima crianças e seniores em Vila Real
Porto Canal/Agências
Uma caneta de cor, um papel e um desenho ajudaram a desinibir e a aproximar crianças e seniores participantes no projeto “Arte no Bairro”, que quer promover o intercâmbio geracional e o acesso à cultura em Vila Real.
No bairro social da Araucária, a ilustradora Jumas (Margarida Nóbrega) lançou o desafio para os participantes colarem, com uma fita adesiva, um marcador no dedo indicativo e, assim, começarem a desenhar. O objetivo foi, segundo afirmou a artista, “perder o medo do desenho”.
“Quanto menos controlo temos, mais livres estamos”, referiu Jumas, explicando o desafio lançado.
Seguiu-se depois um desenho com a mão não dominante e, no final, uma ilustração do parceiro sentado à frente de cada um.
Jumas mostrou-se surpreendida com o talento revelado por alguns por participantes.
Proporcionar o contacto com a arte é um dos objetivos do projeto que resulta de uma parceria entre a Cultura a Dentro – Associação Juvenil e Cultural e o município de Vila Real e que vai desenvolver-se durante o mês de novembro nos bairros da Araucária e da Telheira, onde decorrem, respetivamente, os projetos “O meu bairro é top” e “+Social”.
Luís, 10 anos, desenhou a Aldina Violas. Ao mesmo tempo que ia dando asas à imaginação no papel foi também fazendo perguntas. “A dona Aldina tem 80 anos, a sua cor preferida é o azul e a comida favorita dela é feijoada”, contou, admitindo, no entanto, que não gosta de desenhar, mas que gostou da experiência.
A parte que gostou mais foi “das perguntas”. Por sua vez, Aldina disse ter também um neto com o nome Luís, que o menino com quem fez parceria é muito simpático e que fez um desenho muito bonito.
“Estou a divertir-me. Se estivesse em casa estaria a ver televisão e prefiro estar aqui. Adorei este bocadinho, mas já aos anos que não fazia um desenho e o resultado é um remedeio”, referiu, salientando que a parte favorita foi conversar.
Leonor, 9 anos, fez parceria com a mãe, Ana Gonçalves, e achou a experiência na ilustração “muito divertida e desafiante”, principalmente a parte de colar o marcador no dedo.
“Eu estava a fazer um desenho dela e ela fez o meu e acho que ficou engraçado. É muito querida e meiguinha”, referiu Maria da Piedade a propósito da parceira Iara, de 6 anos.
Quanto ao projeto, Maria da Piedade, que não gosta de partilhar a idade, disse que foi bom e muito mais divertido do que estar em casa, onde estaria a fazer o jantar.
“Nem dá fome”, brincou, elencando ainda as atividades que a ocupam para além do trabalho, como a ginástica e a meditação.
Mara Minhava, vereadora do pelouro da Cultura da Câmara de Vila Real, explicou que se quer promover o convívio intergeracional, afirmando que a “arte tem o poder de transformar, conciliar e estabelecer pontes”.
“Por outro lado, a ideia é também que as crianças percebam a arte e o processo criativo”, acrescentou, salientando ainda a ajuda no combate ao isolamento.
A autarca adiantou que o município quer que, em 2025, o “Arte no Bairro” aconteça “durante todo o ano”.
A associação Cultura a Dentro realçou que o projeto pretende “fomentar a expressão individual e coletiva, ajudar no desenvolvimento do processo criativo dos participantes, fortalecer vínculos comunitários, promover o bem-estar comunitário e o convívio intergeracional através da arte”.
Nesta primeira edição, estão programadas quatro atividades neste mês de novembro com quatro artistas de Vila Real.
A primeira aconteceu na quarta-feira e no dia 15 Bacelar Gouveia vai trabalhar a cerâmica no bairro da Telheira.
Depois, no dia 20 será a vez da pintura em saco de pano proposta pela Archie (Ana Rita Sousa), na Araucária, e, por fim, a 22 de novembro - e outra vez na Telheira -, os participantes vão pintar em tela com Cláudia Martins.