Mortágua avisa PS que será fiel a movimentos pela habitação em eventuais coligações autárquicas

Mortágua avisa PS que será fiel a movimentos pela habitação em eventuais coligações autárquicas
| Política
Porto Canal / Agências

A coordenadora do BE defendeu que será fiel aos ideais dos movimentos pelo direito à habitação em eventuais coligações autárquicas, nomeadamente em Lisboa com o PS, embora admitindo que não sabe se haverá condições para tal.

"Não sabemos se nas autárquicas haverá ou não condições para coligações alargadas para um programa que transforme as nossas cidades. Não sei e está por saber, logo veremos. Trabalharemos para que se juntem forças diferentes e com a mesma clareza de objetivos", garantiu Mariana Mortágua.

A bloquista falava no encerramento da 5.ª Conferência Nacional do partido, que decorreu no Porto, e na qual se debateu o tema de uma eventual coligação pré-eleitoral com o PS para a autarquia de Lisboa, que ambicione derrotar Carlos Moedas (PSD).

Apesar de não saber se haverá condições para materializar essa coligação, Mariana Mortágua deixou uma garantia.

"Há uma coisa da qual eu tenho certeza absoluta: a nossa fidelidade, a nossa lealdade é para com os milhares de pessoas que saem à rua pelo direito à habitação. É a elas que devemos fidelidade, é por elas que fazemos este processo", avisou.

A coordenadora bloquista considerou que "só um programa capaz de acabar com a turistificação e resgatar casas ao alojamento local" e que "rompa com as heranças de Moedas mas também de Fernando Medina [PS] na habitação" servirá ao BE.

Mortágua garantiu que o BE vai apresentar esse programa, bem como "equipas de candidatos e candidatas capazes de o defender", através de uma candidatura própria, mas manteve a abertura para o diálogo.

"Dialogamos com quem estiver disponível para dialogar, mas tenham uma certeza absoluta de uma coisa: a nossa fidelidade é para com quem sai à rua pelo direito à habitação, pelo direito à cidade, pelo direito a poder viver na cidade que escolheu", insistiu.

Numa intervenção de cerca de 30 minutos, Mariana Mortágua fez questão de saudar a manifestação organizada no sábado pelo movimento Vida Justa, na sequência da morte do cidadão Odair Moniz, baleado por um agente da PSP. No mesmo dia, o Chega marcou posteriormente uma concentração “em defesa da polícia”.

“Será que o doutor Ventura já percebeu que o país ontem lhe virou as costas? Portugal mostrou-lhe ontem o que somos e como somos: de um lado, uma extrema-direita isolada que vive na ignomínia, do outro, um povo que exige uma democracia de bem, que é a justiça e a liberdade e que recusa o racismo, e a banalização do mal”, advogou.

Para Mortágua, Ventura “passeou-se com o seu séquito pequenino”.

“Não sei se percebeu que foi abandonado. Os eleitores não vieram e os militantes não apareceram. Se não percebeu eu faço-lhe um desenho: o que ontem Portugal lhe disse foi que o crime não compensa”, atirou.

Na dimensão mais ideológica do seu discurso, Mariana Mortágua afirmou que “a tempestade da desumanização” que o país vive “é um ataque”, que “trata as pessoas como se fossem descartáveis”.

Esta “cultura política”, argumentou, assenta numa “banalização do mal” defendida pela extrema-direita e liberais.

Repetindo o lema que a levou à coordenação do partido – a defesa de uma “vida boa” – Mortágua salientou que “o socialismo não é uma seita” e saiu em defesa da utilização da inteligência artificial para “o bem comum”, da semana laboral de quatro dias e a taxação dos “super-ricos” e das “grandes fortunas que não são feitas por mérito”.

“Porque é que o Elon Musk [empresário] tem mais mérito que a mulher que se levanta às cinco da manhã num bairro da periferia, que apanha um autocarro, trabalha 12 horas por dia para criar os seus filhos? Porquê? Quem é que tem mais mérito?”, questionou, num dos momentos mais aplaudidos da sua intervenção.

Numa espécie de balanço dos dois dias de trabalho, nos quais estiveram em debate alguns textos críticos da atual direção, apresentados por uma corrente minoritária, Mortágua agradeceu “em particular” às intervenções mais críticas e saudou a diversidade interna do partido.

A coordenadora bloquista mostrou-se convicta de que a conferência “mostrou um partido confortável com a sua intervenção na oposição ao governo da direita, num contexto de instabilidade e de governo minoritário” e comprometeu-se com a atualização do programa político do BE, “multiplicar espaços partidários convidativos, amplos e formativos” e saudou a participação jovem na conferência.

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