Vento forte destrói macieiras e toneladas de maçãs em Armamar e Moimenta da Beira

Vento forte destrói macieiras e toneladas de maçãs em Armamar e Moimenta da Beira
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| Norte
Porto Canal/ Agências

O vento forte registado na madrugada de hoje destruiu macieiras e toneladas de maçã nos concelhos de Armamar e Moimenta da Beira, distrito de Viseu, disseram à agência Lusa produtores dessa região.

“Foi durante a madrugada, entre as 06h00 e as 09h00, mais ou menos. O vento era tão forte que destruiu maçãs e macieiras. As maçãs tocadas não se conseguem vender. As macieiras, umas foram arrancadas pela raiz e outras partiram”, relataram à agência Lusa seis produtores de Armamar e Moimenta da Beira.

Aníbal Soares disse ainda que, antes das 07h00, “dada a intensidade do vento”, foi com o pai ver como estavam os pomares em Armamar e “foi aflitivo ver as maçãs a ficarem todas destruídas e as macieiras a caírem umas por cima das outras”.

“E nós sem podermos fazer nada, a assistir a tudo do carro, porque nem sequer conseguíamos sair. O vendaval era tão forte que nem as portas da carrinha conseguíamos abrir. Nunca vi nada assim”, contou.

José Fonseca, do concelho de Armamar, contou que tem “72 hectares de produção de maçã e todos estão afetados”.

“Os que já estavam apanhados não sofreram danos na fruta, mas sim na árvore. Apanhei 30 por cento (%) a 35% da produção total, ou seja, tenho 65% a 70% de maçã estragada. Quanto às árvores, ainda não tenho a contabilidade feita, mas tenho muitos hectares de macieiras tombadas. Umas partiram e outras foram arrancadas do terreno”, relatou José Fonseca.

Marcelino Ferreira tem produção em Moimenta da Beira e “numa quinta nova, que tem agora quatro anos, ia para a primeira apanha”.

“Está lá um prejuízo de milhares de euros, porque as árvores estavam todas carregadas e caíram todas. Agora é replantar de novo e voltar a esperar quatro anos para produzirem, ou seja, é um prejuízo enorme, porque nem sequer conseguimos fazer a primeira apanha do fruto. Era a primeira vez que iríamos ter algum para o que lá foi investido”, lamentou.

Este produtor disse que já avisou os clientes de que “não vai ser possível enviar maçãs”, disse Marcelino Ferreira.

João Gouveia, com produção em Armamar, adiantou à agência Lusa que as macieiras, “como estão embardadas, caem umas atrás das outras, o chamado efeito dominó, porque estão seguras pelos arames”.

“Ainda não fiz as contas ao estrago, mas são muitos hectares. Agora, a minha preocupação é apanhar o que ficou para ver se ainda consigo vender alguma e tentar segurar as macieiras que ficaram de pé”, adiantou.

Nuno Ramos disse à agência Lusa que “os cinco bardos [filas com cerca de 100 macieiras] plantados em São Gregório caíram”, no concelho de Armamar, “tudo árvores que estavam no ponto da apanha”.

“Temos lá andado a apanhar a maçã, mas ainda não tínhamos chegado àquelas que caíram e eram macieiras com seis anos, ou seja, estavam no auge da produção, e estavam todas carregadinhas”, contou.

Álvaro Cardoso também tem produção em Moimenta da Beira e “há cerca de uma semana e meia já tinha sofrido alguns danos, por causa de uns ventos fortes que deitaram umas maçãs ao chão e uma ou outra macieira, mas nada muito alarmante”.

“Agora, esta madrugada, o vento extremo que fez levou tudo. Maçãs, pomares, armação do embardamento, foi tudo. Não consigo calcular o prejuízo, só sei que é muito e já avisei os meus clientes que este ano não há maçã”, assumiu.

À agência Lusa, todos os produtores disseram que têm seguro, “mas não vale de nada, porque não pagam nada comparado com o prejuízo” e “só sabem pedir fotografias, mas ainda não há peritos no terreno a ver” os prejuízos.

“Temos de entrar e tentar apanhar o que ficou, para tentar minimizar o prejuízo, mas se os peritos demoram dias, nem as que lá ficaram vamos conseguir apanhar. Se entrarmos, vai ser um bom argumento para não pagarem nada”, realçou Álvaro Cardoso.

As maçãs tocadas “não servem para venda, só para a indústria”, e alguns ainda vão “pensar se vale a pena” escoar, porque “tendo em conta o custo da mão-de-obra para a apanhar e escolher, não deve compensar, porque a indústria paga a cinco cêntimos o quilo”, portanto, “uma das possibilidades é ficarem na terra, para servir de estrume”.

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