Nova empresa deve uniformizar informação sobre transportes na AMP, afirma especialista

Nova empresa deve uniformizar informação sobre transportes na AMP, afirma especialista
CM Espinho
| Norte
Porto Canal/ Agências

O professor universitário Álvaro Costa defende que a nova empresa metropolitana de transportes deve "tentar impor" a uniformização da informação sobre mobilidade no Grande Porto, com serviço orientado para os utilizadores independentemente das empresas que o executem.

"Eu acho que esta empresa vai ter de tentar impor isso", disse à Lusa quando questionado sobre a harmonização da informação ao público por parte de diferentes operadores: STCP, Unir, Metro do Porto e CP - Comboios de Portugal.

Na semana passada, o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, foi eleito presidente da futura Transportes Metropolitanos do Porto (TMP), empresa que irá gerir os contratos da rede Unir, a bilhética do Andante e terá as atuais competências da Área Metropolitana do Porto (AMP) em termos de mobilidade.

Segundo Álvaro Costa, quanto à uniformização de informação, "os operadores estão a trabalhar nisso, mas alguns estão a trabalhar mais do que outros, e há deficiências", não havendo integração.

"No fundo, tem de haver uma integração global", disse à Lusa o especialista em mobilidade e transportes, considerando que "os sistemas de informação ainda são muito criados a partir de uma lógica organizativa, da produção, e não necessitam".

Para o académico, "devem ser organizados em função do cliente, que não lhe interessa saber quem é o operador", pois "o que interessa é que o autocarro, organizado de tal forma, com aquele número, vai passar naquele sítio".

Questionado acerca da posição do futuro presidente da TMP, Marco Martins, que defendeu que a AMP deve "caminhar para aquilo que são as grandes metrópoles europeias", com uma "entidade que gira tudo e que tenha competências próprias", Álvaro Costa anuiu, deixando ressalvas.

"Eu acho que no futuro tem que se aumentar esta abrangência", defendeu, mas vincou que é "a integração é que cria valor" e não "ter uma megaoperação" numa só empresa.

Na visão do académico, "quem é o operador é irrelevante" e "o que é preciso é ter o serviço e o sistema integrado".

"Nós não temos clientes de autocarro, clientes de comboio, clientes de metro. Nós temos quem quer utilizar o transporte público nas suas deslocações diárias. Faz sentido que haja uma tutela comum no ataque ao mercado. O mercado é uno", defendeu.

Num "ambiente urbano em que cada vez há mais turistas" e "utilizadores eventuais, sem informação não há utilização" do transporte público.

"O autocarro pode passar mas as pessoas não sabem que ele vai passar. Isso faz com que ele depois não seja utilizado. O valor que ele cria é dúbio", considera o também presidente da consultora Trenmo.

Antes da criação da TMP, avançou o concurso público da rede de autocarros Unir por toda a AMP, que deixou competências de informação ao público tanto aos operadores (afixação de horários), como aos municípios (instalação de postaletes nas paragens).

"Eu acho que isso claramente deveria estar numa empresa deste tipo", defendeu, ressalvando que esta foi uma realidade espalhada por todo o país nos concursos públicos lançados pelas comunidades intermunicipais.

Como não estavam "sólidas, até em recursos humanos", puseram "nos contratos e partem do princípio que o privado, ao ser obrigado, faz, mas depois ele também vai ter essa dificuldade".

"A passagem para uma empresa já é diferente, porque permite então gerir essas questões mais operacionais", com capacidade de recolha de informação que "de certa forma também já é fiscalização do contrato".

Para Álvaro Costa, "uma empresa destas tem de ter uma capacidade técnica própria para conseguir lidar com isto tudo", mas "é preciso perceber que toda a decisão é política", e com implicações locais.

"Tem de se deixar sempre uma capacidade política local, nalgumas destas questões, para se poder decidir localmente", como por exemplo na definição de políticas sobre os Transportes em Veículos Descaracterizados (TVDE).

As autarquias "têm "de ter capacidade de conseguir regular o seu espaço urbano na circulação", defendeu.

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