Mário Santos: "O FC Porto é muito mais do que um clube de futebol”
Porto Canal
“O FC Porto encarna o espírito de superação e do desporto ao serviço das pessoas”, “a essência de um clube de sócios”, motivo suficiente para Mário Santos dar a cara por “um projeto de tornar o FC Porto vencedor de forma consistente e com uma estrutura profissional”.
Em entrevista ao Porto Canal, a primeira desde que assumiu o cargo de diretor desportivo das modalidades, o antigo chefe da Missão Olímpica reforçou o “compromisso com a vitória” patente num “clube de cariz regional com uma ambição internacional” nas oito secções extrafutebol.
Certo de que “cada modalidade tem a sua realidade nacional e além-fronteiras”, Mário Santos começou por explicar que “a competitiva do andebol justifica o investimento que já existia”, apesar de se tratar da “única modalidade em que houve cortes, cerca de 10% na massa salarial” e de um projeto “em fase de renovação” sob o comando de um treinador que “foi uma aposta pessoal do presidente para dar espaço aos jovens”.
“O basquetebol deu um sinal ao renovar com o Miguel Queiroz e o Miguel Maria, ao trazer Gonçalo Delgado e ao dar oportunidade a esses atletas de referência na seleção” sem descartar as “contratações de estrangeiros comprometidos com uma equipa que quer ganhar em Portugal e ser competitiva na Europa”.
“O hóquei em patins faz jus à teoria de que mais difícil do que chegar ao topo é manter-se lá”, pelo que o responsável das modalidades sublinha a importância de “manter a motivação de vários atletas que já ganharam tudo” e que compõem um “plantel com alguns dos melhores jogadores do mundo”. “Queremos ganhar mais, o que não é fácil”, acrescenta quem pretende implementar “um novo modelo organizacional” e “trazer uma série de valências multidisciplinares que permitam aos atletas dar um bocadinho mais”.
Acabado de conquistar a Taça Ibérica, o voleibol feminino já treina com o foco na Supertaça e na Liga dos Campeões, uma “aposta de risco que demonstra a ambição” azul e branca. “Podíamos preferir ser um peixe grande num aquário pequeno, mas quisemos jogar contra os tubarões”, constata um portista ciente de que “ser Porto é correr atrás dos maiores objetivos possíveis”.
Apesar de trabalharem noutro registo, a natação, o bilhar, o boxe e o desporto adaptado “não competem para participar, mas sim para ganhar” e Mário Santos vê nessas quatro secções inúmeros “exemplos de superação com a mesma ambição” dos profissionais. “A natação é uma modalidade histórica com quem o sócio se identifica e que deve recuperar a capacidade competitiva”, afirma o antigo praticante.
Já o boxe atravessa “um processo de mudança que tem trazido resultados desportivos e o objetivo a médio prazo passa por lutar pela qualificação olímpica”. Com o saudoso Complexo Desportivo das Antas como “referência”, o diretor desportivo garante que “se as modalidades querem crescer, então devem ter Centros de Alto Rendimento ou oficinas com condições para os atletas treinarem”.
“O FC Porto anda com a casa às costas na formação, o que afeta a capacidade de atrair alguns atletas” e “as infraestruturas são essenciais para cumprir o desígnio do clube”: vencer. “Sonhar com mais modalidades é irrealista nestas condições”, justifica o dirigente à procura de “encontrar soluções” e desejoso de “que o FC Porto seja uma escola de formação vocacionada para a excelência e para a competição justa, nobre e leal”.