PS e CDU criticam inquérito da Câmara de Coimbra sobre reintrodução de glifosato

PS e CDU criticam inquérito da Câmara de Coimbra sobre reintrodução de glifosato
ABAAE
| Norte
Porto Canal/ Agências

Vereadores do PS e da CDU criticaram esta segunda-feira o inquérito “informal” por parte da Câmara de Coimbra sobre a possibilidade de reintrodução do uso de glifosato nos espaços urbanos, acusando o executivo de se desresponsabilizar da medida.

A proibição do uso do glifosato (um herbicida) na limpeza de espaços urbanos em Coimbra tinha sido avançada pela Câmara Municipal, após José Manuel Silva ter assumido a liderança da autarquia, cumprindo aquela que era uma medida presente no programa da coligação Juntos Somos Coimbra às autárquicas de 2021.

O inquérito informal foi lançado este mês, com o objetivo de ouvir a população sobre a possibilidade de “reintrodução de uso de glifosato nos espaços urbanos para travar o crescimento das ervas”, após começarem a surgir críticas à falta de limpeza dos passeios na cidade.

“Passar para as mãos dos munícipes, por via de uma auscultação informal, tamanha decisão, demonstra falta de firmeza e convicção nas próprias propostas que a maioria apresentou à cidade”, afirmou o vereador da CDU, Francisco Queirós, que tem a pasta dos espaços verdes e jardins.

O vereador recorda ainda que o referendo informal é lançado sem que se tenha feito “qualquer balanço do impacto real da medida ou implementada qualquer estratégia para debelar e condicionar eventuais impactos negativos”.

“Antes de perguntar aos munícipes se querem voltar ao uso de pesticidas, responsabilizando-os por tal decisão e pelas consequências ambientais e de saúde pública que daí possam advir, importaria esclarecer, envolver os moradores e as suas associações, reforçar os serviços com os recursos necessários, assumindo com convicção e seriedade o que deve ser feito”, vincou Francisco Queirós.

Também o vereador do PS José Dias associou-se à intervenção de Francisco Queirós, considerando que o lançamento do inquérito “não é uma posição responsável”, ao colocar a decisão “diretamente aos munícipes”.

“Na verdade, não há decisão. Não há uma alternativa real”, constatou, considerando que transferir a responsabilidade para a população é “uma não decisão”.

Apesar de assumir que a medida foi aplicada por “razões ecológicas e de saúde pública”, o executivo liderado por José Manuel Silva considera que os métodos alternativos revelaram-se “tecnicamente ineficazes”, perguntando agora aos munícipes se preferem tolerar algumas ervas ou que se volte à utilização de glifosato.

Durante a reunião do executivo, José Manuel Silva afirmou que o inquérito é um momento “de reflexão” e de auscultação da população, referindo que já votou e votou pela “não utilização do herbicida”.

O inquérito, consultado pela agência Lusa, parece permitir mais do que uma votação e não assegura que quem vota é residente no concelho.

Questionado pela agência Lusa sobre de que forma o município assegura que quem participa é munícipe de Coimbra e vota apenas uma vez, José Manuel Silva referiu que essa é uma questão que irá “colocar aos serviços técnicos”.

“Não perguntei ainda aos serviços técnicos qual é a origem dos IP [número que identifica um computador ou rede], se são sempre os mesmos IP. Nós depois vamos fazer essa análise”, respondeu, vincando que é “uma auscultação informal”.

Questionado sobre até quando a votação estará aberta, o presidente da Câmara disse que estará até ao final do mês (apesar dessa informação não ser indicada no inquérito).

José Manuel Silva sublinhou que o inquérito é uma forma de as pessoas “tomarem consciência de que há ervas porque houve uma opção ecológica”.

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