Três mortes, casas destruídas e estradas cortadas no pior dia do ano de incêndios
Porto Canal / Agências
As chamas que começaram domingo a norte de Aveiro alastraram esta segunda-feira pelo distrito e foram responsáveis, direta e indiretamente, por três mortes, casas destruídas e estradas cortadas, um cenário que se repetiu em vários locais do norte e centro.
Na noite passada morreu um bombeiro de “doença súbita” quando combatia as chamas em Oliveira de Azeméis e esta segunda-feira as autoridades anunciaram mais duas mortes, uma pessoa carbonizada no fogo de Albergaria-a-Velha e uma morte por ataque cardíaco em Sever do Vouga.
Num dos piores dias dos últimos anos em termos de incêndios, as chamas chegaram, nomeadamente, aos distritos do Porto, em Gondomar, de Braga, em Cabeceiras de Basto, de Viseu, em Penalva do Castelo e Nelas (com seis feridos), e de Castelo Branco, em Louriçal do Campo. Mas foi o distrito de Aveiro, com 10 mil hectares já ardidos, o centro dos maiores focos de incêndio, primeiro em Oliveira de Azeméis e depois Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha e Águeda.
Além dos mortos, os fogos do distrito já provocaram vários feridos. Em Oliveira de Azeméis, onde as chamas estão a ser combatidas desde domingo, o presidente da Câmara, Joaquim Jorge Ferreira, referiu quatro feridos.
Em Albergaria-a-Velha segundo o Presidente da Câmara, António Loureiro, que também falou em quatro pessoas feridas, as chamas que chegaram de Sever do Vouga atingiram 20 casas, deixando várias pessoas desalojadas. Foram também destruídas várias viaturas e dois armazéns.
O presidente da Câmara de Águeda, Jorge Almeida, disse haver também um bombeiro ferido. O autarca revelou haver casas atingidas pelo incêndio vindo de Sever do Vouga, onde as chamas destruíram, segundo o vice-presidente da Câmara, Paulo Nogueira, aviários, e oficinas de automóveis.
Em Aveiro foi ativado esta manhã o Plano Distrital de Emergência de Proteção Civil, e os municípios afetados também ativaram os Planos Municipais de Emergência e Proteção Civil. Ao todo, no país, foram ativados seis planos municipais.
Devido aos fogos no distrito estiveram cortadas ao trânsito, ao longo do dia, as autoestradas A1, A25 e A29, mas também outras vias sofreram cortes, como o IC2 e várias estradas nacionais. Já esta noite foram cortadas a A1 e a A13 na zona de Coimbra. A circulação ferroviária na linha do Norte também esteve cortada esta manhã. Devido aos incêndios estiveram suspensas ligações rodoviárias de passageiros.
Num balanço feito esta noite, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabilizava, nos incêndios do norte e centro do país, dois feridos em estado grave, seis dezenas de evacuações por precaução, e destruição de casas (mais de 20), anexos e armazéns e instalações industriais, em número que não é possível ainda precisar. Há pelo menos 17 vítimas, nas contas da ANEPC.
Com vários incêndios em curso e com previsões meteorológicas muito desfavoráveis ao combate, Portugal pediu ajuda à União Europeia, ao abrigo do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, tendo sido anunciado um reforço de meios vindos de Espanha, França, Grécia e Itália, dois aviões de cada país.
Na tarde desta terça-feira sucederam-se notícias de mais estradas cortadas (A43) e casas ardidas em Gondomar e em Cabeceiras de Basto. Em Gondomar, com seis bombeiros a sofrerem ferimentos ligeiros quando combatiam as chamas, dois lares e duas escolas foram evacuados por precaução em Jovim. E em Coimbra também foi evacuada uma escola, devido a um incêndio que deflagrou esta tarde perto da área urbana, tendo obrigado ao corte da A1 e da A13.
Cortada também ao fim da tarde a Estrada Nacional 8, perto da Malveira, Lisboa, devido a um incêndio.
Às 20h00 desta terça-feira estavam a lutar contra os 59 incêndios em curso 5.307 bombeiros, auxiliados por 1.600 veículos. Só no distrito de Braga, região do Ave, havia esta noite cinco incêndios. Oliveira de Azeméis era o que mobilizava mais bombeiros.