Já há projeto para tornar Cascata Tahiti mais segura
Porto Canal com Lusa
A zona envolvente à Cascata da Fecha de Barjas, popularmente conhecida por Tahiti, em Terras do Bouro, no Gerês, vai ser intervencionada para aumentar as “condições de segurança e comodidades” dos turistas e habitantes locais.
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O contrato de execução da empreitada entre a Câmara Municipal e a empresa de construção civil responsável pela obra foi adjudicado no passado dia 10 de julho. A intervenção “há muito esperada” representa um investimento municipal de 205 mil euros e estima-se que fique concluída em 120 dias, cerca de quatro meses.
Em declarações à Agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Terras do Bouro, Manuel Tibo, referiu que a obra recebeu parecer do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e assegurou que a empreitada começa a 1 de agosto. “O objetivo é vedar os locais mais perigosos e garantir condições de visitação”, enalteceu.
De acordo com a autarquia, os trabalhos permitirão proceder à “estabilidade, às impermeabilizações, aos arranjos exteriores, às marcas rodoviárias e à sinalética necessária” da área em redor do recurso natural. Incluem também uma estrutura metálica, que servirá de miradouro para a cascata e a colocação de gradeamento.
Crescimento de acidentes fatais
Nos últimos anos, a cascata do Tahiti, inserida no Parque Natural da Peneda Gerês, foi palco de vários acidentes, alguns dos quais fatais. Em meados de 2023, o autarca de Terras do Bouro, Manuel Tibo, lembrava ao Porto Canal que o espaço precisava de ser vedado. “O espaço é perigoso (...) a cascata pode e deve continuar a ser visitada, mas há locais que têm de ser vedados”, disse à época.
Ambientalistas criticam obra
A decisão do autarca local não foi consensual. A Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade (FAPAS) quer travar a obra.
Em comunicado enviado às redações, a instituição diz que se trata de “uma espécie de circo, transformando um troço de paisagem natural, das mais valiosas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, num cenário completamente artificial e urbano”.
A FAPAS promete pedir ao ICNF para travar a intervenção e que, caso já haja licenciamento, irá invocar ao Ministério do Ambiente para o anular e “responsabilizar disciplinarmente os autores”. Manuel Tibo considera os comentários legítimos, contudo salientou que “quem manda em Terras do Bouro são os terrabourenses”.
Os ambientalistas afirmam que está a par dos sucessivos acidentes naquele local, mas atribui-os à “impreparação para andar na serra e à temeridade de alguns”.
A par disso, frisam, que a cascata “não oferece maiores perigos do que fazer percursos pedestres na restante área do PNPG, ou noutra área montanhosa, por quem não esteja preparado para a montanha”.“Com medidas mais simples e baratas do que as anunciadas, o problema resolvia-se”, defendem.