Câmara do Porto tem trabalhado “em contínuo” para fazer face ao lixo em viaduto ocupado na Boavista

Câmara do Porto tem trabalhado “em contínuo” para fazer face ao lixo em viaduto ocupado na Boavista
Foto: Alexandre Matos | Porto Canal
| Porto
Alexandre Matos

A Câmara Municipal do Porto, através da Porto Ambiente, limpa “com uma frequência de 3x por semana, assim como varredura manual 6 x por semana de segunda-feira a sábado” a passagem inferior do viaduto da Rua de Domingos Sequeira, junto à Rotunda da Boavista. Em causa está a ocupação intermitentemente por um grupo nómada que deixa um rasto de lixo e excrementos humanos, com os moradores a mostrarem preocupações pela saúde pública, com relatos de pragas de roedores a chegarem ao Porto Canal.

 
 
 
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“Este é um trabalho contínuo, realizado com equipas dedicadas da Porto Ambiente no terreno, apoiadas por meios mecânicos especializados. Para além disso, são ainda executadas intervenções adicionais, numa ação concertada com a Polícia Municipal, sempre que necessário, para manutenção da higiene e salubridade da zona e envolvente e de todos os que nela circulam”, esclareceu a autarquia liderada por Rui moreira em resposta ao Porto Canal.

Na Rua General Norton de Matos, diretamente ao lado de um dos estaleiros de obra da futura Linha Rosa do Metro do Porto, e apenas a 300 metros do edifício devoluto da Avenida da França que tem provocado dores de cabeça à vizinhança e que, após queixas divulgadas pelo Porto Canal, vai ser vedado pela proteção civil, há um outro local que também tem sido sistematicamente usado como abrigo.

“Nós sempre tivemos aqui sem-abrigo, e sem qualquer problema”, conta ao Porto Canal uma moradora dos edifícios vizinhos. “Até havia gente aqui dos prédios que lhes ia dar comida”, diz a mulher que preferiu não ser identificada.

Mas a situação começou a mudar a partir de dezembro de 2017, quando a passagem inferior do viaduto que se sobrepõe à linha do metro começou a ser ocupada pelo grupo nómada que ainda hoje a usa para cozinhar, lavar roupa e dormir.
Naturalmente atraente por fornecer abrigo à chuva e pela localização isolada, os problemas surgem quando as imediações do viaduto começaram a ser “invadidas” por uma onda de lixo, excrementos humanos e restos de comida.

Um grupo de pessoas, que variam entre os 20 e 50 indivíduos, chegam diariamente pelas 17h ao local, “ocupando a totalidade do passeio e impedindo que outros cidadãos possam circular no mesmo espaço”.

Esta passagem inferior é o único passeio para peões daquele troço da Rua General Norton de Matos, com os moradores a serem obrigados a circularem pela estrada, sendo um local de passagem obrigatório para quem se desloca a pé para a estação de metro ou o comércio envolvente. “Já me habituei a ir sempre por baixo [na estrada]”, conta uma moradora ao Porto Canal. “Mas já apanhei alguns sustos com os carros a passar”, admite.

Porto Canal

Pela manhã o grupo dispersa, mas nem por isso deixam de haver vestígios da ocupação. O lixo é frequente, com as fotografias tiradas pelos moradores a mostrarem um rastro de garrafas, embalagens, sacos de plástico, comida, fezes, entre outras, que se tornam, segundo os moradores, um problema de saúde pública. O cheiro nauseabundo a urina é também uma realidade diária de quem percorre o passeio e as escadas do viaduto.

“Isto às vezes parece literalmente uma lixeira”, refere uma residente que explica ainda que já ocorreram “pragas de ratazanas” e que a presença de gaivotas a rondar o lixo e restos de comida é uma constante.

“As queixas não são tanto por estarem aqui, mas sim pela falta de cuidado, principalmente no que diz respeito ao lixo”, concluiu.

Segundo a denúncia que chegou ao Porto Canal, “são frequentes as quedas devido à gordura que se acumula no chão, tendo já levado a lesões com alguma gravidade”, algo que foi confirmado no local, com uma moradora a dizer que o passeio fica “muito escorregadio por causa das gorduras da cozinha”.

Junto ao viaduto, uma morada partilha que “hoje isto até está limpo”, comparando com a situação normal.

Moradores criam abaixo-assinado
A insatisfação dos vizinhos perante a situação levou a que fosse criada uma página de Facebook que expõe regularmente fotografias do espaço, e foram também reunidas mais de 250 assinaturas num abaixo-assinado que pedia à Câmara Municipal e à Polícia Municipal uma resposta ao problema.

“Quando a polícia vem cá chateá-los eles desaparecem por uns tempos”, contam ao Porto Canal. Mas o grupo acaba sempre por regressar.

Segundo a denúncia recebida, “se no começo as autoridades locais até pareciam dar mostras de ter algum interesse em resolver o problema, sentimos que nos últimos tempos o descaso é total”.

Apesar de serem referidas algumas preocupações em relação à segurança das pessoas que ali diariamente passam, os moradores com quem o Porto Canal falou no local indicaram que nunca presenciaram momentos de tensão.

“Pelo que percebi, os conflitos terão sido mais na zona do antigo prédio militar. Aqui pessoalmente nunca me aconteceu, nem ninguém comentou sobre isso comigo”, confessa uma residente. Ainda assim, admite que certas pessoas não fiquem confortáveis a passar naquele passeio quando o grupo, que chega por vezes a 50 pessoas, ali se reúne.

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