De edifício militar a “patinho feio” da Boavista. Prédio devoluto tem provocado dores de cabeça à vizinhança

De edifício militar a “patinho feio” da Boavista. Prédio devoluto tem provocado dores de cabeça à vizinhança
Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal
| Porto
Maria Leonor Coelho

No auge dos seus nove pisos, o prédio que durante vários anos albergou a Direção de Recrutamento Militar no Porto encontra-se ao abandono, visivelmente degradado e é um verdadeiro íman de problemas para os seus vizinhos na Avenida da França, na Boavista. Devoluto desde finais de 2016, o antigo edifício militar é agora chamado de “patinho feio” de uma das principais artérias da cidade e carece com urgência “de uma nova vida”.

Para quem avista a avenida, desde a Rotunda da Boavista, há um imóvel que se destaca, do lado esquerdo do campo de visão, não só por ser o primeiro a irromper na paisagem, mas sobretudo por ser dissonante dos restantes. As janelas partidas e as marcas de humidade evidenciam a incúria da estrutura que se ergue numa das mais emblemáticas avenidas da cidade. Aos pés do estaleiro da futura linha rosa da Metro do Porto, que contribuirá para fazer daquela uma das zonas mais cobiçadas da Invicta, o lixo acumula-se, e com ele os problemas dos vizinhos daquela que é vista como uma das respostas para a crise na habitação que assola milhares de portuenses.

 
 
 
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Os “episódios” começaram a surgir após a saída dos militares, explicam ao Porto Canal os moradores das imediações, que preferiram não se identificar com medo de represálias. “Este prédio era do exército, mas eles transferiram a atividade para outra unidade e o prédio ficou sem guarnição, tendo sido posteriormente invadido por pessoas que furtaram o alumínio das janelas e das divisões interiores”, começam por explicar.

As forças de segurança foram alertadas para o sucedido e, por prevenção, decidiram gradear as portas do prédio, que à data ainda pertencia ao ministério da Defesa Nacional, tendo vedado ainda as janelas com tijolos, de forma a impossibilitar a entrada de pessoas estranhas ao edifício. A solução parecia ter sido encontrada, uma vez que o grupo que habitualmente invadia a antiga sede da Direção de Recrutamento Militar acabaria por abandonar o local, de acordo com relatos dos moradores.

Contudo, a solução revelar-se-ia tudo menos temporária, o que fez com que novos problemas surgissem. Apesar de em dezembro de 2021 o edifício ter passado para a alçada do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), nada mudou desde aí.

Um íman de dores de cabeça

Com o edifício desocupado, as dores de cabeça não tardaram em regressar, relembra a vizinhança. Em pouco tempo, “vieram outras pessoas dormir para aqui, agora fazem necessidades e trocam de roupa à nossa porta”. “Os nossos jardins foram invadidos com lixo por tudo o quanto era sítio, têm fezes e urina, o ambiente está degradado”, acrescentam.

“Com fezes humanas nos nossos jardins, nós não podemos abrir as janelas de casa por causa do cheiro e do mosquedo, cada vez passam mais ratos por aqui”, contam os moradores.

Os inconvenientes foram devidamente comunicados à Proteção Civil que “limpou tudo e retirou o coberto que estava a servir de dormitório, mas a situação continua a acontecer até aos dias de hoje”, de acordo com os moradores, . “As autoridades estão a tratar do assunto à superfície, a vedação do prédio é urgente para que deixe de ser invadido, esta situação transmite insegurança para todos nós”, defendem.

O futuro do edifício

Mais de um ano depois de o antigo edifício da Direção de Recrutamento Militar ter passado para a alçada do IHRU, através da constituição de direito de superfície por um período de 75 anos, a instituição pública parecia finalmente ter encontrado uma solução definitiva para o prédio.

Em março de 2023 foi lançado um concurso para a aquisição do projeto de arquitetura tendo em vista a reabilitação do antigo edifício militar, de olhos postos na criação de 36 fogos para arrendamento acessível. O compromisso era o de construir cinco fogos de tipologia T3 e 18 de tipologia T2 nos sete pisos destinados a habitação, havendo ainda espaço para mais dois pisos destinados a estacionamento e arrecadações. Promessa que, até aos dias de hoje, não chegou a sair do papel.

À data, o edifício continua devoluto com os fatores ambientais e os atos de vandalismo a contribuírem para o aumento dos sinais de degradação do prédio.

Questionada pelo Porto Canal, a Câmara do Porto afirma ter conhecimento de um processo urbanístico, requerido pelo IHRU com o objetivo de promover habitação no local, que se encontra a seguir os trâmites legais desde abril do ano corrente.

Por sua vez, o IHRU, igualmente contactado pelo Porto Canal, não se pronunciou sobre o assunto, não tendo prestado qualquer informação adicional acerca do projeto.

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