Atração turística faz elétrico do Porto crescer, mas obras do metro travam milhão de passageiros
João Nogueira
Foi no Porto que, há quase 130 anos, se fez a primeira viagem de elétrico da Península Ibérica. Em tempos áureos, a rede chegou a ser de 150 quilómetros. Hoje é diferente e a história centenária do elétrico circula a bordo de apenas sete viaturas. Ao contrário do que se pensa, os números mostram que o elétrico não segue no sentido da extinção: em 2023 foram quase 700 mil passageiros.
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O primeiro milhão de passageiros da rede do elétrico do Porto podia ter chegado no ano passado. A estimativa é da STCP que opera o transporte e que, devido às obras da Metro do Porto, está com o serviço a funcionar “a metade”, revelou no início deste ano a gerente da empresa, Cristina Pimentel.
Mas a tendência é crescente. Em 2023, os elétricos do Porto transportaram quase 700 mil passageiros, um aumento de 23% em relação a 2022.
A receita ascendeu a quase 2,5 milhões de euros, um crescimento de 47% face ao ano anterior, impulsionado pelo aumento de passageiros e pelo reajuste no preço do bilhete de bordo em outubro de 2022.
A rede do elétrico conta com três linhas e uma frota de sete veículos. São um total de nove quilómetros e 42 paragens. Mas parte destas está suspensa desde 2021, altura em que arrancaram as obras da Linha Rosa da Metro do Porto na Praça da Liberdade.
Isso obrigou à suspensão da Linha 22, entre o Carmo e a Batalha/Guindais. Com esta a operar na sua normalidade, o primeiro milhão de passageiros podia ter chegado em 2023.
A rede é composta por três linhas e cinco veículos em circulação: a linha 1 (Infante-Passeio Alegre), a linha 18 (circular Massarelos-Carmo) e a linha 22 (circular Carmo-Batalha).
A linha 1 percorre a marginal do rio, passando pelo Museu do Carro Elétrico. A linha 18 liga a cota baixa da cidade à cota alta, proporcionando uma vista sobre Gaia na Rua da Restauração.
A linha 22, que circula pela Baixa do Porto, liga pontos importantes como Carmo, São Bento, Batalha, Guindais, Rua Santa Catarina, Praça D. João I, Aliados, Rua de Ceuta e Praça dos Leões/Carmo.
A linha 18 também chegou a estar cortada entre 2022 e 2023, mas retomou a operação com um percurso mais curto, utilizando a Rua Restauração em contra-sentido, com apoio policial.
Mas a rede que hoje é o encanto para os turistas, já foi, no passado, o deslumbre para os próprios portuenses. A viagem inaugural do elétrico do Porto aconteceu a 12 de setembro de 1895.
Com o boom automóvel após a década de 1950, a rede de elétricos reduziu significativamente, passando a servir principalmente turistas.
Atualmente, os elétricos circulam com uma frequência de 20 minutos, e os bilhetes custam entre 5 e 10 euros.