Presidente da Câmara de Viseu considera natural demissão da administração da Unidade Local de Saúde

Presidente da Câmara de Viseu considera natural demissão da administração da Unidade Local de Saúde
| Norte
Porto Canal / Agências

O presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas (PSD), considerou esta sexta-feira natural o pedido de demissão do conselho de administração da Unidade Local de Saúde de Viseu Dão-Lafões (ULSVDL), que encarou como “uma confissão de impossibilidade”.

O conselho de administração da ULSVDL pediu a demissão, na quinta-feira, por “manifesta quebra de confiança política” da ministra da Saúde na “atual equipa do órgão de gestão”.

“Eu só tenho a depreender que é uma confissão de impossibilidade”, disse esta sexta-feira Fernando Ruas aos jornalistas.

O autarca social-democrata lembrou que, na sequência da decisão do encerramento noturno das urgências pediátricas, a ministra da Saúde pediu um plano ao conselho de administração.

“O plano foi apresentado, pelos vistos não servia. Se depois disto o conselho de administração pediu a demissão eu não tenho outra leitura a fazer”, frisou.

Numa carta que, entretanto, foi enviada aos profissionais a justificar a sua decisão, o conselho de administração referiu-se às declarações da ministra da Saúde, em sede de audição parlamentar ocorrida na quarta-feira, que considerou constituir “uma manifesta quebra de confiança política na atual equipa do órgão de gestão da ULSVDL".

Na opinião do também presidente da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões, o pedido de demissão seria normal “mesmo que não fosse nestas circunstâncias”.

“Era o mais normal. Alguém foi nomeado com uma outra orientação política e, de repente altera-se, a orientação política, é normal pedir-se a demissão”, considerou.

A ministra da Saúde disse, na Assembleia da República, que "não é aceitável ter em janeiro hospitais com profissionais já com o valor de horas extra anuais obrigatórias atingido".

Considerando que as lideranças em saúde são "fracas", a governante afirmou que "tem de haver escrutínio, tem de haver avaliação de desempenho para os gestores".

"Não basta que os administradores venham dizer que não têm condições. É preciso perceber de que condições precisam", sustentou Ana Paula Martins, sublinhando que "nestas unidades, três IPO e 39 ULS [unidades locais de Saúde], estão 15 mil milhões de euros de impostos dos portugueses".

Fernando Ruas disse não ter estranhado as declarações da ministra: “a partir do momento em que a ministra não encontrou trabalho feito, uma dificuldade enorme em concretizar um plano, achei perfeitamente natural esta saída”.

Agora, o autarca do PSD espera que os problemas da ULSVDL tenham solução rápida e garantiu ter ainda “mais determinação” em não deixar o Ministério da Saúde “nem um bocadinho”, exigindo-lhe que cumpra as obrigações que tem para com os viseenses.

A administração da ULSVDL ativou em 1 de março o plano de contingência, por falta de médicos, que implicou o encerramento exterior das urgências pediátricas de sexta-feira a domingo no período noturno.

Segundo a administração da ULSVDL, a saída de dois médicos e a chegada do período de férias "agravaram" a situação levando ao encerramento das urgências pediátricas, desde 1 de junho, todas as noites da semana, entre as 20h00 e as 08h00.

Numa carta dirigida aos profissionais, a que a agência Lusa teve acesso, o conselho de administração lembra que foi “nomeado a 7 de março de 2024 para desenvolver um projeto complexo de integração das instituições de saúde”.

A administração diz que, ao longo de três meses, trabalhou na “reorganização de estruturas, alinharam-se vontades e equipas para projetar o futuro” das ULS.

“As insuficiências de recursos e as limitações da autonomia de gestão continuaram a condicionar este conselho de administração que, no entanto, nunca se esquivou aos problemas”, acrescenta.

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