FC Porto: Uma valsa a dois tentos

FC Porto: Uma valsa a dois tentos
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Porto Canal

O dia 27 de maio de 1987 marca o virar de página num livro de honra de vitórias sem igual. Há 37 anos, em Viena, o Futebol Clube do Porto venceu a Taça dos Clubes Campeões Europeus pela primeira vez ao bater o Bayern de Munique, por 2-1, com um golo de Rabah Madjer e outro de Juary.

 
 
 
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A caminhada rumo à capital austríaca havia começado oito meses antes em Vila do Conde, onde os Dragões receberam o Rabat Ajax durante as obras de rebaixamento das Antas e onde Fernando Gomes fez um póquer, André bisou e Madjer, Elói e Celso marcaram um cada. Regressado à ilha mediterrânica com um 9-0 na bagagem, o campeão maltês voltaria a sucumbir às mãos de António Sousa em La Valletta, palco da segunda de sete vitórias europeias.

A única derrota surgiu pouco depois e alertou um balneário de craques para a necessidade de sofrer. O Vítkovice atuava num terreno complicadíssimo e entrou melhor numa primeira mão dos oitavos de final jogada debaixo de muito vento, muita chuva e sobre muito gelo em Ostrava. Na segunda, que o imaculado relvado das Antas acolheu, os visitados só precisaram de cinco minutos para empatarem a eliminatória graças à pontaria de André. Celso e Futre também fizeram o gosto ao pé e os campeões de Portugal afastaram o homólogo checoslovaco por 3-0.

Seguiu-se o conjunto detentor do título dinamarquês, um Brøndby que se revelou osso duro de roer e que só aquela combinação perfeita entre João Pinto e Madjer foi capaz de desmontar. Os nórdicos anularam a desvantagem mínima na etapa inaugural da desforra e chegou a temer-se o pior em Esbjerg, até que Juary bateu Peter Schmeichel e carimbou o passaporte rumo às “meias”. Era ele a arma secreta.

Quatro semanas mais tarde, as Antas encheram para receber o todo-poderoso Dínamo de Kiev, equipa orientada pelo mítico Valeriy Lobanovskyi que constituía a espinha dorsal da seleção soviética, que contava com os préstimos de Igor Belanov e que tinha acabado de erguer a Taça das Taças após aplicar “chapa três” ao Real Madrid. O favoritismo era todo do Bola de Ouro e companhia, mas isso não abalou os onze Dragões em campo nem os 85 mil nas bancadas. Futre e André deram azo aos festejos que esfriaram já perto do fim com o golo que poderia ter estragado a viagem rumo à URSS.

Tal não aconteceu. Perante 100 mil ucranianos no gigantesco Estádio Olímpico, Celso e Fernando Gomes só precisaram de dez minutos para desmontar a máquina do Cientista do Futebol, marcando dois golos num curtíssimo espaço de tempo que fizeram a tarefa parecer fácil demais e a equipa tirar os pés do chão - tanto que o Dínamo respondeu de imediato e obrigou os portistas a defender durante 80 longos minutos para conseguirem o que ninguém conseguira desde 1983: ganhar em Kiev. Quando o árbitro galês apitou pela última vez, a Invicta saiu à rua e só parou na pista do Aeroporto Sá Carneiro.

Privado de figuras como Lima Pereira, Jaime Pacheco ou Fernando Gomes, todos lesionados, o FC Porto subiu ao tapete verde do Prater sem qualquer obrigação (além da moral) de vencer o Bayern de Munique. A jogar em casa na Áustria, o colosso bávaro adiantou-se antes da meia-hora por Kögl e obrigou Artur Jorge a falar ao coração dos jogadores na palestra ao intervalo: “Temos 45 minutos para fazer história. A história só fala dos vencedores. Divirtam-se e vamos dar a volta a isto”.

Já com Juary e Frasco em campo, depois de Futre ter fintado quatro alemães e falhado a baliza num slalom à moda de Maradona, o avançado brasileiro assistiu Madjer que, numa fração de segundo, descobriu o melhor caminho para o fundo das redes: de calcanhar. Dois minutos volvidos desde o lendário “Taconazo de Alá” que deixou Hansi Flick perplexo, o mago argelino aproveitou o desnorte germânico para sentar Pflueger e oferecer o golo a Juary, que não deu hipóteses a Jean-Marie Pfaff e assim consumou a reviravolta.

O mundo do futebol abriu a boca de espanto perante uma vitória capaz de tornar Artur Jorge o primeiro técnico português a conquistar uma prova internacional e de juntar um emblema da cidade do Porto à elite planetária. A missão mais difícil ainda estava para vir: tirar a orelhuda das mãos de João Pinto.

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