Paulo Portas acusa Pedro Nuno Santos de "inexperiente" e que o seu governo poderá ser "o mais radicalizado desde 1976"
Porto Canal
Na convenção da Aliança Democrática, o ex-vice primeiro-ministro Paulo Portas apelou para que sejam colocadas a destaque quatro discussões críticas na agenda política portuguesa: ""a nossa demografia, a nossa produtividade, a nossa inovação e a nossa poupança".
O antigo líder do CDS-PP expressou preocupação com a balança demográfica, alertando que "sem mudanças com muita competência e muitas políticas que deem certo ao mesmo tempo, a nossa balança demográfica terá um problema nos nossos sistemas sociais." Destacou também a importância do aumento da produtividade como condição fundamental para garantir um aumento constante e estável de rendimentos, particularmente na classe média.
Portas chamou a atenção para a posição de Portugal em matéria de pesquisa e desenvolvimento, afirmando que o país está "muito longe daquilo a que devemos aspirar." No que diz respeito à poupança, o ex-vice-primeiro-ministro sublinhou que "sem poupança não há investimento."
Ao apelar à cidadania livre, Portas declarou: "A 10 de março a AD deve vencer, vencer com margem. O PS deve ir para a oposição. Portugal deve ter um novo governo e esse governo deve ser de mudança." O ex-líder do CDS-PP reconheceu a incerteza nas eleições, destacando a presença de confusão, desinformação e manipulação na sociedade portuguesa, e enfatizou o seu papel em contribuir para ordenar ideias e escolhas.
Paulo Portas sublinhou a importância de uma vitória da AD para evitar um Governo mais radicalizado desde 1976, caso a "geringonça 2.0" prevaleça. Em termos financeiros, antecipou menos crescimento do PIB em 2024 e salientou que a redução da dívida pública dependerá do aumento do crescimento económico. "Um governo da AD gera mais confiança e uma geringonça 2.0 gerará menos confiança, menos investimento e, portanto, menos crescimento."
Portas concluiu sublinhando a importância de apresentar argumentos sólidos e ordenar ideias, prometendo uma abordagem pedagógica para ajudar os eleitores na tomada de decisão: "Em primeiro lugar sabemos a origem. Foi o Primeiro-Ministro a apresentar a demissão e não o Presidente da República a demitir o governo".
"Em segundo lugar, sabemos que o governo do PS entrou em vertiginosa decomposição. Foram 14 demissões em menos de metade do mandato. Em terceiro lugar, sabemos que o PS teve primárias. O candidato que defendia acordos ao centro perdeu. O candidato que defendia uma geringonça 2.0 e uma guinada à esquerda venceu", referindo-se à eleição de Pedro Nuno Santos.
"Sendo as coisas assim, ou a AD ganha e faz um governo de mudança ou o que teremos não é uma repetição do PS, mas sim, um da geringonça, com um Primeiro-ministro inexperiente, mais esquerdista e com o Bloco e PCP sentados no Conselho de Ministros", afirmou Portas.
"Será certamente, mas não ganharão [em referência ao PS], o governo mais radicalizado desde 1976. É isto que cada cidadão deve pensar antes de exercer o seu voto", afirmou Paulo Portas.
Portas situou ainda a posição de Portugal no panorama mundial: "Portugal não está isolado do contexto externo. Portugal não tem vantagem em acrescentar instabilidade cá à instabilidade lá de fora. Uma geringonça 2.0 significa parceiros, no Conselho de Ministros, que estão em rota de colisão com as alianças estáveis de Portugal no panorama internacional, e isso geraria desconfiança".
Em termos financeiros, "saberemos que haverá menos crescimento do PIB em 2024. É certo que a inflação está hoje mais baixa, pois esta é a ruína dos mais pobres. Mas, a inflação mais baixa, deve-se à independência dos bancos. Um dos efeitos da inflação foi, entre aspas, 'ajudar o ministério das finanças a reduzir a dívida pública portuguesa'. A inflação fez o PIB subir e também as receitas fiscais. Com uma inflação mais controlada, não há um efeito automático sobre a dívida. Daqui para a frente Portugal só vai reduzir a sua dívida se aumentar o seu nível de crescimento", concluiu Portas.
"Assim, os cidadãos poderão perguntar a si próprios, qual o projeto de governo que garante maior crescimento económico, maior rendimento para as famílias, para os investidores e reduzir a nossa dívida pública. Não é muito difícil tirar uma conclusão. Um governo da AD gera mais confiança e uma geringonça 2.0 gerará menos confiança, menos investimento e, portanto, menos crescimento", disse o antigo líder do CDS-PP.
"Permitam-me corrigir uma frase de António Costa, que dizia que 'só o PS pode fazer melhor do que o PS'. Perdão? Diria eu, 'só o PS pode fazer pior do que o Partido Socialista', concluiu Paulo Portas.