PSD diz que Governo queria comprar Lusa à pressa sem esclarecer vários aspetos
Porto Canal/ Agências
O deputado do PSD Joaquim Sarmento disse este domingo que o Governo queria que o Estado comprasse a Lusa à pressa, sem esclarecer aspetos como a governação da agência e o acionista a quem ia adquirir a participação.
Num debate no Congresso dos Jornalistas no sábado em Lisboa, sobre o papel do Estado no jornalismo, Joaquim Miranda Sarmento afirmou que o que se passou para o negócio não ter avançado em dezembro passado é que o Governo (do PS) quis "fazer a operação sem dizer que ia fazer a operação" e sem esclarecer vários aspetos, como a que acionista ia comprar parte da Lusa e qual seria a governação futura da agência de notícias.
"Há uma série de aspetos que têm de ser esclarecidos e trabalhados e o que aconteceu neste processo foi uma total opacidade de querer comprar à pressa uma participação sem que uma série de aspetos estivessem claros", disse o deputado do PSD, durante um debate com vários partidos (o Chega acabou por cancelar a presença).
Na resposta, o deputado do PS Eurico Brilhante Dias disse que esta "posição não corresponde à que o próprio PSD assumiu junto do Governo, que foi de concordância", e que o que aconteceu foi que o "PSD recuou mais tarde".
Miranda Sarmento questionou, então, sobre "qual é a prova factual dessa afirmação" ao que Brilhante Dias respondeu que um vice-presidente do PSD concordou com isso em contactos com o Ministro da Cultura, Adão e Silva.
Para o deputado do PSD, a compra pelo Estado da quase totalidade da Lusa deve ser feita com o consenso das forças políticas, sociais e do setor.
Também no congresso, em outro painel de debate, a diretora de informação da Lusa tinha lamentado que tenha falhado o negócio da compra pelo Estado de 45,7% da agência Lusa, pertencentes à Global Media e à Páginas Civilizadas, afirmando que "houve um recuo do PSD. Segundo Luísa Meireles, o negócio traria mais financiamento público à Lusa e iria permitir oferecer o serviço.
O Estado detém 50,15% da Lusa, com o grupo Global Media a ser detentor de 23,36% e a Páginas Civilizadas 22,35%. O fundo Union Capital Group (UCAP Group) controla a maioria (51%) do capital da Páginas Civilizadas, a qual detém 41,5% da Global Media.
Ainda no debate com os partidos políticos, tanto PCP como Bloco de Esquerda (BE) defenderam que o Estado deve ter o controlo pleno da Lusa.
Já a Iniciativa Liberal disse que a Lusa se deve manter pública (já quanto à RTP a IL defende a privatização), mas recusou que as notícias da agência sejam gratuitas pois "pode ter efeitos bastantes perversos" no mercado.
O uso pelas grandes plataformas digitais de conteúdos jornalísticos foi também discutido, tendo o BE, por Pedro Filipe Soares, dito que defende um fundo financiado pelas plataformas digitais e que o valor seja canalizado para jovens poderem fazer assinaturas de jornais.