Foi o primeiro arranha-céus do Porto. Vai ser transformado em apartamentos turísticos
Ana Francisca Gomes
Uma parte do ‘Edifício Rialto’, na esquina entre a rua de Sá da Bandeira e a Praça de D. João I, junto ao Rivoli, vai ser transformada em apartamentos turísticos. Infraestrutura que já foi casa do icónico Café Rialto foi comprada pelo grupo Endutex em 2020, que agora vai investir 5,5 milhões de euros.
Para quem circula por esta zona do Centro Histórico do Porto, o edifício verde na esquina pode passar despercebido. Mas os nomes com que é informalmente conhecido – o primeiro arranha-céus, Casa do Maurício ou Edifício Rialto – mostram que a sua história é longa.
Uma pequena pesquisa pelo arquivo da cidade demonstra o impacto da sua construção nos anos 40. Com nove pisos, foi considerado o primeiro arranha-céus do país e, na cidade, ficou conhecido pelo “Arranha-céus da Praça D. João I”.
O edifício foi vendido pela seguradora Ageas em 2020 à Endutex, dona da cadeira hoteleira Moov, que agora pretende manter o comércio presente no piso 0 e os serviços dos pisos 1 ao 3, convertendo os restantes pisos em apartamentos turísticos. A notícia foi avançada pelo Jornal de Negócios, que cita o administrador do grupo André Ferreira, que informa que serão 35 apartamentos T1 e T2 prontos em 2025.
Ao Porto Canal, Inês Rodas, engenheira-civil da Endutex, esclarece que ainda estão a ajustar o projeto dos novos apartamentos turísticos com o atelier de arquitetura responsável. Os andares que vão ser transformados em apartamentos turísticos chegaram a ter a função de habitação, mas neste momento estavam alugados “a alguns serviços clínicos”. A alguns serviços instalados nesses andares foi dada a oportunidade de passarem para pisos inferiores do edifício, garante Inês Rodas, mas outros terão de sair devido ao fim do contrato.
Segundo a mesma fonte, o estado de conservação inviabilizou o arrendamento dos espaços superiores, factor que terá pesado na decisão de adaptar o espaço para o setor turístico.
Casa do icónico Café Rialto
A infraestrutura ficou também conhecida por “Edifício Rialto” por ter sido casa do icónico Café Rialto, inaugurado em 1944 e desenhado pelo arquiteto Artur Andrade, o mesmo do Cinema Batalha. Tinha murais de Abel Salazar.
Segundo a página online da Associação Comercial do Porto, “era aqui que se reuniam os poetas do grupo “Notícias do Bloqueio” – Egito Gonçalves, Daniel Filipe, Papiniano Carlos, Luís Veiga Leitão, Ernâni Melo Viana, António Rebordão Navarro e José Augusto Seabra – autores dos nove fascículos de poesia que publicaram”.
Encerrou em 1972 para dar lugar a uma agência bancária.
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