Os ‘rossoneri’ e os 'nerazzurri' de Milheirós. AC e Inter aquecem ânimos na Maia

Os ‘rossoneri’ e os 'nerazzurri' de Milheirós. AC e Inter aquecem ânimos na Maia
| Desporto
Fábio Lopes e Alexandre Matos

Rivais em Milão, rivais em Milheirós. A pequena freguesia do concelho da Maia é palco de um aceso dérbi distrital, que conta a história de uma rivalidade, semelhante à que se disputa em solo italiano, entre os gigantes 'nerazzurri' e ‘rossoneri’.

Longe dos holofotes dos grandes palcos, AC e Inter de Milheirós aquecem os ânimos da Divisão de Honra da Associação de Futebol do Porto com uma rivalidade que, apesar de recente, funde-se com a história do futebol transalpino.

Em 1908, a cisão de dirigentes do AC Milan deu origem ao Inter de Milão. E se uma história semelhante, décadas mais tarde, se desenrolou em Portugal, a mais de dois mil quilómetros de distância da cidade italiana? Desconhecida para a maioria dos adeptos do Desporto-rei, o futebol nortenho ‘esconde’ um original e entusiasmante dérbi que em tudo parece uma dimensão futebolística paralela.

 
 
 
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O equívoco no nascimento do Inter

O Inter de Milheirós FC nasceu em 1971, mas a oficialização da fundação só ocorreu três anos mais tarde. O emblema maiato surgiu da vontade de um grupo de jovens que decidiu, ao formar o clube da terra, prestar homenagem ao histórico e centenário Inter de Milão.

A meia dúzia de amigos, que se juntavam para ver a bola no Café Africano tornaram o sonho realidade e puseram mãos à obra, dotando a freguesia de Milheirós de uma veia mais italiana. Contudo, levados em erro pela televisão, ainda a preto e branco, definiram que a camisola do Inter seria às riscas vermelhas e pretas, precisamente as cores do rival AC Milan.

Os jovens aperceberam-se do erro e aceitaram com naturalidade, como relatam ao Diário de Notícias, contudo com o ressurgimento desportivo do clube, em 2001, amadureceu a ideia da mudança de cores, que ficou oficial numa assembleia geral em 2005. A história deste emblema maiato passou então a ser escrita a rubro-negro.

Durante vários anos, o Inter afigurou-se como a única potência desportiva da freguesia, até que em 2016 esta narrativa conhece mais um capítulo curioso.

Rivalidade milanesa impôs-se na Maia

De uma divisão no seio do Inter de Milheirós Futebol Clube nasceu a Associação Clube de Milheirós, por iniciativa de vários ex-membros do clube azul e negro.
“Fazíamos parte do Inter de Milheirós, mas tínhamos a nossa ideia, o nosso projeto. E então, quando houve a transição do campo de terra batida para o sintético, obviamente nós tínhamos um projeto diferente. Não era bem aceite por algumas pessoas e então nós decidimos ir pelo caminho mais difícil, que era com o nosso projeto”, relata ao Porto Canal Doro Guedes, presidente dos ‘rossoneri’ da Maia.

Com a divisão que abalou o Inter, vários atletas abandonaram o clube, alguns destes para criarem o AC, nomeadamente Doro Guedes que, por 11 temporadas, vestiu a camisola do clube rival.

“Sou super acarinhado, porque também foi um clube que eu sempre respeitei e hei de respeitar. Fez parte do meu percurso como jogador e dirigente, mas seguimos rotas distintas”, confessa o responsável, não escondendo o desejo de vir a partilhar estádio com o Inter, à semelhança dos gigantes de Milão (San Siro / Giuseppe Meazza). “Andamos de casa às costas. Não é fácil. Jogamos sempre fora”, salienta.

A formação rival, que atua no Campo de Jogos Municipal de Milheirós, não encara com bons olhos a partilha de estádio e defende-o de forma categórica.
“Não vou responder porque isso é a Câmara que decide, mas o estádio é do Inter, não faz sentido”, realça Hugo Marinho, presidente da formação rubro-negra, mostrando-se orgulhoso nos 47 anos de história do clube maiato.

“O que interessa é que nós continuamos o nosso caminho, porque já temos 47 anos de história e vamos a caminho do 48. Por isso, para nós isso é que é o principal. É a história do nosso clube e não do nosso rival”, destaca o representante.

Jogo de ânimos quentes em casa ‘emprestada’

O passado domingo, 26 de novembro, foi dia de mais um aceso dérbi entre as duas formações da Divisão de Honra da Associação de Futebol do Porto. Frente a frente o 10º (Inter) frente ao 12º classificado (AC).

Foi em casa emprestada, fornecida pelo Folgosa da Maia Futebol Clube que o duelo aconteceu, mas nem por isso os adeptos deixaram de marcar presença.
Com forte moldura humana no apoio aos atletas de cada uma das equipas, o encontro terminou com um empate a uma bola, mas o entusiasmo que transbordou das bancadas enriqueceu, sobremaneira, o encontro referente à 12ª jornada do campeonato.

Num ‘braço de ferro’ de emoções fortes, os visitantes adiantaram-se no marcador, no decorrer da primeira parte, contudo uma resposta audaz do AC na etapa complementar igualou as contas.

“Um domingo para mim se não houver Inter a jogar, para mim é uma tristeza. Ou a ganhar ou a perder estou sempre presente”, sublinha Manuel Silva, presença obrigatória nos encontros do “seu” Inter. Também Manuel Lopes, um dos rostos mais célebres entre os apoiantes do AC, se mostra satisfeito com o resultado final, ressalvando o ambiente que se fez sentir. “Foi uma grande festa, é uma alegria”, salienta.

Da Maia para o mundo. Dois emblemas que ‘escondem’ uma narrativa apaixonante de amor ao desporto-rei sempre de mãos dadas com dois históricos do futebol transalpino.

 

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