Distrito do Porto é onde há maior população de gaivotas em ambiente urbano

Distrito do Porto é onde há maior população de gaivotas em ambiente urbano
| Porto
Pedro Benjamim

Há cerca de 800 ninhos de gaivotas de patas amarelas no distrito do Porto, os dados são relativos ao censo realizado no âmbito do Plano de Ação para o Controlo da População de Gaivotas nos Municípios Costeiros da Área Metropolitana do Porto (AMP).

“O nosso censo de ninhos identificou cerca de 800 ninhos, que é um número muito semelhante ao identificado pela SPEA, no censo nacional de gaivotas amarelas, que dava quase 600 ninhos confirmados e cerca de 200 prováveis” no distrito do Porto, afirmou Paulo Alves, responsável pela coordenação geral do plano.

 
 
 
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O investigador da Floradata aponta ainda que “é provável que nos próximos anos cheguemos a 1000 ninhos na Área Metropolitana do Porto, que é um número muito elevado”.

A nível nacional, de acordo com o censo realizado à população de gaivotas de patas amarelas, pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e divulgado em fevereiro de 2022, havia “7344 ninhos confirmados, 321 prováveis e 292 possíveis, resultando numa estimativa entre 7350 a 8000 casais reprodutores”.

O Porto é o distrito do continente com maior população de gaivotas de patas amarelas em ambiente urbano, revela o estudo da SPEA, apontando um mínimo de 593 a um máximo de 813 casais. Tal acontece visto que “não existem praticamente zonas de nidificação natural no Porto. Não existem arribas, o litoral é essencialmente arenoso ou estuarino, portanto as gaivotas nesta zona têm necessariamente de nidificar em construções humanas”, aponta Paulo Alves.

A nível municipal, as gaivotas seguem os humanos na busca pela habitação. De acordo com o Plano de Ação realizado pela Floradata em conjunto com a Wedotech, que estudou cinco municípios (Gaia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim e Vila do Conde), é no Porto que há “o maior número de ninhos identificados (485)”, pode ler-se no relatório do mesmo.

Além das gaivotas de patas amarelas, há ainda a gaivota de asa escura, uma “espécie invernante”, que marca presença na AMP durante o Inverno, fazendo com que as duas espécies convivam ao mesmo tempo aumentando os números de indivíduos. No entanto, defende o investigador Paulo Aves que “a gaivota de patas amarelas é mais problemática pela simples razão de nidificar cá e os seus ninhos são um incómodo para as populações”.

Controlo da população de gaivotas

“A necessidade de controlar a população de gaivotas na AMP tem a ver com um desequilíbrio, não vamos demonizar as gaivotas de patas amarelas. Simplesmente, as gaivotas têm atributos específicos que as tornam animais com uma capacidade de colonização em cidades muito grande”, afirma o coordenador geral do Plano de Ação ao Porto Canal.

“Na década de 90 não havia registos de nidificação de gaivotas na Área Metropolitana do Porto, eram muito raros, neste momento a AMP é uma das quatro áreas com mais ninhos de gaivotas em Portugal continental”, refere.

Apesar de ser uma zona urbana e sem as características originais para a formação de ninho, a zona torna-se atrativa para a espécie porque “existe alimento e porque os telhados das casas são semelhantes às áreas naturais onde elas nidificam”, explica o biólogo.

Para além da Área Metropolitana do Porto, há ainda números elevados na zona de Leiria, visto ser uma zona de nidificação natural, também na zona de Setúbal e em Faro, além da zona de Lisboa.

Os métodos

Para o controlo da população de gaivotas na Área Metropolitana do Porto, o plano de ação aponta algumas medidas, que podem levar à utilização de drones ou chegar mesmo, em casos pontuais, a eutanasiar gaivotas.

“É muito difícil de controlar a população das gaivotas, uma das coisas que este estudo pediu é uma autorização ao ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas] para se poder controlar a população em casos extremos de animais mais agressivos, de situações pontuais, mas também reduzir as fontes de alimentação e reduzir o número de ninhos”, aponta Paulo Alves.

“A redução do número de ninhos é relativamente fácil em áreas em que os ninhos possam ser facilmente acessíveis, como prédios novos, mas em muitas situações como no caso do Porto, na Ribeira, existem ninhos que foram feitos em áreas perigosas, em telhados muito velhos e é muito difícil e não recomendável visitar esses telhados”, explica ao Porto Canal.

Além destas medidas, foi ainda indicada uma outra solução já utilizada noutros países, visto que, apesar de ser um estudo pioneiro em Portugal, foi beber informação a trabalhos feitos lá fora.

“Um dos métodos é a parafinagem dos ovos, com óleos que impedem o embrião de respirar. A parafina é aplicada sobre o ovo na totalidade ou quase totalidade e se for feita na altura certa tem uma taxa de sucesso muito grande porque impede que haja troca gasosas entre o embrião e o ar e não há um desenvolvimento das crias”, aponta o investigador, referindo que o método pode ser utilizado em zonas mais perigosas, como na Ribeira do Porto, “com a utilização de drones”.

“Entre os métodos de dissuasão estão as aves de rapina, a falcoaria, que é muito utilizada em aeroportos, temos também os lasers e as sirenes”, contudo o biólogo aponta que estes dois últimos métodos não são tão eficazes já que “as gaivotas são espertas e acabam por se habituar”.

O turismo ainda ajuda mais “porque todas as fontes de alimentação, todas as áreas onde os turistas vão comer acabam por deixar resíduos e o pouco cuidado leva a que uma gaivota facilmente aceda a isso porque um saco plástico é facilmente aberto por um bico de uma gaivota, porque elas têm bicos muito fortes capazes de provocar lacerações em pessoas, portanto um saco plástico não é nada”, frisa Paulo Alves.

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