Sem fatura e sem condições. Preço dos quartos para estudantes em Aveiro duplicou em cinco anos. Estudantes culpam “turismo”

| Norte
Francisco Graça

Joana Regadas estuda em Aveiro há 5 anos, vinda de Lousada, e sabe o que custa arranjar uma casa. Os alunos universitários procuram quartos baratos, sem fatura, mas a falta de contratos é um perigo escondido.

“Tinha um quarto numa casa pequena, com uma casa de banho a dividir por quatro pessoas. Pagava 170 euros”, começa por contar Joana. “Este ano surgiu a oportunidade de mudar para um quarto maior com casa de banho privada. Falei com a senhoria e combinámos 200 euros, sem contrato. No entanto, já depois de me ter mudado, a senhoria quis aumentar a renda para 300 euros, devido à procura que tem havido”.

A história de Joana não é única. Milhares de alunos procuram casa ou quarto em Aveiro todos os anos, saídos do secundário e prontos a entrar na vida universitária. Os preços altos encaminham os estudantes para quartos pequenos sem contrato ou fatura, um “perigo” – alerta a Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUA). Os alunos podem ser forçados a sair de casa a meio do ano, só porque os senhorios encontram quem esteja disposto a pagar mais.

A Universidade de Aveiro (UA) tem 18 mil alunos, e mais de metade são deslocados. Um número excessivamente alto para uma cidade “que não cresce à medida da procura de quartos”, esclarece o presidente da AAUA.

Porto Canal

Joana e Wilson são alunos deslocados. O preço dos quartos para estudantes em Aveiro duplicou nos últimos 5 anos

“Aveiro não só é uma cidade pequena, como tem um número alto de estudantes. O número de estudantes corresponde a um quarto do número total da comunidade aveirense. Aveiro não tem resposta”, lamenta Wilson Carmo. “A cidade simplesmente não constrói, e os poucos quartos que tem estão a sair do mercado académico para se virarem para o turismo”.

E há camas fora do centro? “Há, mas não há transporte público”, explica Wilson. “Conseguimos ter camas a cinco quilómetros do centro de Aveiro, mas não há rede de transportes. Quem não tem carta ou carro, não consegue cá chegar. Então, forma-se uma pressão enorme no centro de Aveiro”.

O preço dos quartos para estudantes duplicou nos últimos 5 anos. Segundo o último relatório do Observatório do Alojamento Estudantil, o custo médio de um quarto em Aveiro ronda agora os 320 euros, um valor mais alto do que em Coimbra, Braga ou Vila Real.

Não ter coragem de pedir mais dinheiro aos pais

Às despesas de um quarto, soma-se o custo do dia-a-dia, com refeições, transportes, pequenas saídas com amigos, porque de socialização também se faz a vida académica. E chega-se a um ponto em que os estudantes já não pedem dinheiro aos pais. Sabem que não chega para tudo.

 
 
 
Ver esta publicação no Instagram
 
 
 

Uma publicação partilhada por Porto Canal (@porto.canal)

 

“O meu irmão também estuda em Aveiro, paga 360 por quarto mais despesas”, diz Joana, a aluna que veio de Lousada. “Os meus pais abdicam de 660 euros por mês para nos manter aqui, fora todas as outras despesas. É difícil pedir mais alguma coisa aos pais, o esforço que eles já estão a fazer… “

Seis residências académicas a caminho

A Universidade de Aveiro sabe que o alojamento é uma prioridade, até porque a fila de espera para entrada nas residências universitárias aumenta todos os anos. “Há aqui alguma apreensão, principalmente entre alunos do primeiro ano que se tentam integrar”, refere a vice-reitora da UA, Alexandra Queirós.

A UA vai investir 12,5 milhões de euros na construção de cinco novas residências universitárias no Campus do Crasto até 2025, com previsão de 320 novas camas a preços sociais.
“São cinco blocos novos, edifícios de três pisos na zona do Crasto. Além disso, temos também uma residência no centro da cidade, mesmo junto à Estação de Aveiro. Temos ainda projetos de reabilitação de edificado: todo o Complexo de Santiago e mais dois blocos de residências que vão ser renovadas”, diz Alexandra Queirós.

Atualmente, a UA tem 1000 camas disponíveis. Pretende aumentar o número com 429 camas no prazo de dois anos.

+ notícias: Norte

Incêndio de camião obriga ao corte da A25

A autoestrada 25 (A25), no sentido Boa Aldeia-Viseu, encontra-se cortada devido ao incêndio de um camião, disse à Lusa fonte da Proteção Civil.

Encontrado corpo em praia da Póvoa de Varzim

Foi encontrado um corpo, ao início da manhã desta segunda-feira, na Praia de Aver-o-Mar na Póvoa de Varzim, apurou o Porto Canal junto do Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil da Área Metropolitana do Porto. 

Há 400 presépios para ver em Barcelos

Em Barcelos desde o início deste mês que estão em exposição em vários espaços mais de 400 presépios de artesãos do concelho. Uma óptima oportunidade para conhecer mais e melhor do artesanato barcelense.