Câmara do Porto mantém escola Pires de Lima como solução para músicos do Stop
Porto Canal/Agências
A Câmara do Porto manteve esta quarta-feira a possibilidade de músicos do Stop se mudarem "defintiva ou temporariamente" para a escola Pires de Lima, antecipando o presidente da autarquia que a estrutura esteja parcialmente pronta até ao final do ano.
"Independentemente do funcionamento do Stop, nós vamos ter uma resposta que vai funcionar na escola Pires de Lima. Irão para lá os músicos que quiserem, nós não obrigamos ninguém", disse Rui Moreira aos jornalistas, numa conferência de imprensa sobre a reabertura do Centro Comercial Stop.
O Centro Comercial Stop, cuja maioria das lojas utilizadas por músicos tinha sido selada em 18 de julho, vai reabrir na sexta-feira com a presença permanente dos bombeiros, anunciou esta quarta-feira o presidente da Câmara do Porto.
Paralelamente, o autarca anunciou que "o projeto do 'campus' na escola Pires de Lima está a avançar", tendo já existido "várias reuniões técnicas" e sido feita "uma avaliação das condições do edifício, que são excelentes".
Segundo Rui Moreira, "os músicos que quiserem, definitiva ou temporariamente, utilizar a Pires de Lima, usam-na", prevendo que as obras em dois dos blocos da infraestrutura estejam prontas "até ao fim do ano".
"Também já temos o acordo da administração dos Amigos do Coliseu [liderada pelo músico Miguel Guedes], que já concordou também que vão ser eles a gerir esse 'campus'", referiu Rui Moreira.
O autarca independente disse que, "naturalmente, haverá músicos que querem, e haverá músicos que não querem" ir para a escola Pires de Lima.
"Não queremos interferir, de facto, naquilo que é o funcionamento do Stop, porque os músicos dizem, e nós respeitamos, que não nos devemos imiscuir naquilo que é o funcionamento ‘underground’", disse Rui Moreira.
Assim, a autarquia pretende ter "uma resposta" do seu lado, depois de várias chamadas de atenção "por vários interessados, que a câmara municipal, naquilo que é a sua política cultural, falta fazer mais alguma coisa na música", admitiu o presidente da câmara, que também tem o pelouro da Cultura no executivo municipal.
"Nós vamos fazer lá", assegurou Rui Moreira, aludindo ainda à possibilidade de músicos quererem utilizar o novo espaço "temporariamente, por exemplo, se tiverem de decorrer obras no Stop", e aí "é bom que a câmara tenha um 'campus'".
Segundo Rui Moreira, a escola Pires de Lima "tem um conjunto de salas grandes que podem ser disponibilizadas, e depois tem quatro blocos", além do disponibilizado para a Norte Vida, com "um conjunto de salas que podem ser divididas e insonorizadas".
"Estive lá com o Miguel Guedes, que percebe melhor a questão da insonorização e a questão das divisórias que têm de ser estabelecidas, porque algumas salas de aulas são provavelmente grandes demais, e há outras que não precisam de ser divididas a meio", explicou o autarca.
Neste momento, a autarquia está a "a fazer o levantamento das patologias que existem" no edifício, pretendendo "intervencionar rapidamete dois blocos que estão em melhores condições", de forma a "poder abrir rapidamente os blocos" aos músicos.
"Acredito que até ao fim do ano se possa ter esses dois blocos a funcionar, e depois avançamos para os outros", antecipou Rui Moreira.
O autarca disse que a escola estará desocupada antes do fim do mês de setembro, porque neste momento estão a transferir os equipamentos para o liceu Alexandre Herculano, que foi reabilitado e abre no próximo ano letivo.
As duas associações de músicos do Stop aceitaram esta quarta-feira a proposta da Câmara do Porto para regressarem ao espaço encerrado desde 18 de julho.
O centro comercial Stop funciona há mais de 20 anos como espaço cultural e diversas frações dos seus pisos são usadas como salas de ensaio ou estúdios por vários artistas.
Como alternativa ao centro comercial, a câmara apresentou como soluções a escola Pires de Lima ou os últimos pisos do Silo Auto.