Do século XVII aos dias de hoje, algumas curiosidades do Vinho do Porto
Mafalda Miranda
Quando falamos em Vinho do Porto viajamos até à cidade do Porto, mas a verdade é que esta bebida é produzida nas terras altas do Douro e esconde por trás muitas curiosidades.
O Porto Canal atravessou a Ponte Luís I, até Vila Nova de Gaia, e entrou naquela que é a mais visitada das caves do Vinho do Porto, as Caves Cálem, para desmitificar algumas curiosidades.
Porque é que as Caves do Vinho do Porto ficam do lado de Vila Nova de Gaia?
Em entrevista ao Porto Canal, Gabriela Coutinho, Diretora de Marketing e Comunicação das Caves Cálem, explicou as razões que ajudam a perceber este facto.
“O Vinho do Porto tem origem no Douro, uma região com temperaturas muito extremas e no verão muito quentes. A principal razão para o vir para a zona do Porto é, de facto, porque aqui [Porto] há temperaturas muito mais frescas que na região do Douro”, explica.
No entanto, segundo “reza a história” existem ainda três razões que podem sustentar esta curiosidade.
“A primeira é porque a margem onde está Vila Nova de Gaia é ainda mais fresca do que o Porto devido à sua exposição solar. A segunda tem a ver com impostos, segundo diz a história os impostos na margem do Porto eram mais elevados do que a margem de Gaia e isso fez com que os produtores se fixassem em Gaia e não do outro lado. E, por último, as condições deste lado da margem do rio [Gaia] para os barcos rabelos, que eram os barcos de transporte do Vinho do Porto, era melhor para atracarem”, esclarece Gabriela Coutinho.
Qual é a temperatura indicada para consumir Vinho do Porto?
Esta será a questão que todos se perguntam quando abrem uma garrafa de Vinho do Porto. O senso comum diz-nos que os vinhos brancos devem ser consumidos frescos, enquanto que os vinhos tintos devem ser consumidos à temperatura ambiente.
O facto é que a “temperatura de Vinho do Porto é um dos principais mitos à volta do consumo de Vinho do Porto”, diz Gabriela Coutinho.
“A grande generalidade dos consumidores que consome Vinho do Porto à temperatura ambiente e é o maior erro que se pode fazer”.
“O Vinho do Porto deve ser consumido fresco”, clarifica.
Quantas famílias existem no Vinho do Porto?
O Vinho do Porto tem quatro grandes famílias: Ruby, Tawny, Rosé, Branco.
A grande diferença entre estas famílias está relacionada com o seu processo de envelhecimento.
Tal como explica Gabriela Coutinho, os vinhos Ruby são envelhecidos em grandes recipientes de madeira, os chamados balseiros, e dessa forma “têm um menor contacto com a madeira e, de alguma forma, são preservados melhor os seus aromas, a fruta vermelha e a cor escura”.
Já os vinhos Tawny “sofrem um processo de envelhecimento e oxidação maior”, um maior contacto com o ar, porque são envelhecidos nas pequenas e tradicionais barricas “onde o contato com a madeira e o oxigénio é maior e eles assumem uma cor mais alourada, um castanho quase dourado com aromas a frutos secos como nozes, avelãs, etc”.
Os vinhos brancos são “vinhos mais florais e que podem ter graus de doçura completamente diferentes”. Por último, os Vinhos do Porto Rosé são vinhos “produzidos para serem consumidos jovens, são vinhos descomplicados, têm um sabor bastante leve e que obtêm aquela cor tão bonita através de uma ligeira prensagem das uvas tintas”.
A marca Calém foi fundada em 1859 pelo português António Alves Calém quando este começou um negócio de grande sucesso com a exportação para o Brasil. O sucesso deste negócio cresceu de tal forma que, a certa altura, a empresa Calém tinha uma frota de navegação para fazer o transporte de vinhos para o Brasil.
Atualmente é a mais visitada das Caves do Vinho do Porto com superação de recorde no número de visitas ano após anos.
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