Compra de imóvel pela Câmara de Ovar a preço sobrevalorizado criticada pela oposição

Compra de imóvel pela Câmara de Ovar a preço sobrevalorizado criticada pela oposição
| Norte
Porto Canal/Agências

O Movimento 2030 (M2030) e o Partido Socialista (PS) acusaram hoje a Câmara de Ovar de adquirir para serviço interno um imóvel a preço sobrevalorizado e sem interesse patrimonial, quando tem vários “abandonados” e seria preferível construir novo edifício.

Em causa está a aquisição pela autarquia do distrito de Aveiro de um escritório de 300 metros quadrados no 4.º andar de um prédio da Rua Heliodoro Salgado.

Sem elevador nem estacionamento, esse espaço custou 245.000 euros, preço que, para os vereadores socialistas, “não se justifica” e é “30.000 euros mais caro” do que o valor recomendado pelo avaliador externo.

A direção do M2030 reconhece que o escritório está situado na lateral da Câmara e junto a outros espaços que a autarquia de maioria social-democrata já aí comprou para extensão dos seus serviços – como “uma antiga igreja evangélica por 150.000 euros, um espaço devoluto e uma propriedade de dois pisos que foi arquivo municipal” –, mas realça que esses imóveis “perfazem mais de 500 metros quadrados que estão aparentemente abandonados”.

Para essa estrutura cívica com deputados municipais eleitos pelo Partido Popular Monárquico e pelo Nós Cidadãos, seria, por isso, “mais responsável” que os 245.000 euros do novo escritório fossem investidos “na recuperação das propriedades já existentes”.

Os vereadores do PS, por sua vez, defendem que seria mais útil encaminhar essas sucessivas verbas para a construção de raiz de um novo edifício-sede da Câmara Municipal, com condições adequadas à dimensão atual de todos os seus serviços.

Notando que o presidente da autarquia está dispensado de sujeitar a votação do executivo a aquisição ou venda de imóveis com um valor inferior a 760.000 euros, os vereadores Alcides Alves e Márcia Valinho discordam dos argumentos com que o presidente da Câmara, Salvador Malheiro, validou a compra, assinando “um despacho em que reconhece relevância na aquisição do imóvel” da Rua Heliodoro Salgado.

No despacho, Salvador Malheiro alega que as atuais instalações da autarquia são escassas para todo o seu corpo técnico, mas os vereadores socialistas discordam dessa estratégia porque a Câmara “já é detentora de vários imóveis na mesma rua – imóveis abandonados e onde não se investiu um euro a não ser na sua aquisição – e noutros locais da cidade”.

A alternativa defendida pelos socialistas é a construção de um edifício de raiz, “onde, com toda a comodidade para técnicos e visitantes, se instalariam todos os serviços camarários, em vez de se obrigar os munícipes a andarem de ‘Anás para Caifás’ à procura do cubículo onde o departamento [que lhes interessa] se encontra”.

O PS realça ainda que, no caso do escritório de 300 metros quadrados, esse se situa no 4.º piso de um prédio sem elevador, o que, em termos de acessibilidade, representa “má serventia para os munícipes”.

Contactada pela Lusa, a Câmara Municipal de Ovar não comentou o assunto.

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