“A tecnologia é a resposta para os desafios da floresta”. Parque das Serras do Porto coberto com câmaras para detetar incêndios
Mais de cinco mil dos seis mil hectares do Parque das Serras do Porto estão, desde o passado dia 15 de maio, vigiados por quatro câmaras óticas e térmicas, no âmbito do progrma rePLANT, um projeto inovador e pioneiro em Portugal, que pretende reforçar a defesa das florestas contra os incêndios, que se têm revelado um verdadeiro pesadelo.
Composto por seis serras - Santa Justa, Pias, Castiçal, Santa Iria, Flores e Banjas - o parque abrange os municípios de Gondomar, Paredes e Valongo, na Área Metropolitana do Porto e tem uma extensão de quase 6.000 hectares, sendo que cerca de 85% desta área passará a estar sob vigilância do projeto rePLANT, desenvolvido em consórcio pela REN, Navigator, SONAE e a Universidade de Coimbra.
De acordo com Carlos Fonseca, Diretor Científico e Tecnológico do CoLAB ForestWISE, a grande inovação introduzida com este mecanismo passa pelo uso dos postes de transporte de energia de alta tensão como locais de instalação destas câmaras que vão ter como objetivo "não só a monitorização, como por exemplo o crescimento da vegetação, nestas faixas de gestão de combustível nas linhas de transporte de energia, como também serem usadas naquilo que é deteção de ignição, a própria evolução do incêndio", frisou o também docente da Universidade de Aveiro.
Também Alexandre Almeida, presidente da Associação do Parque das Serras do Porto, vêm com bons olhos a iniciativa, que permitirá um "ataque ao fogo o mais eficiente possível".
“Não são umas simples câmaras para detetar o incêndio e dar um alerta. São câmaras com inteligência artificial, daí o envolvimento das universidades no desenvolvimento deste projeto, vão fazer uma ligação ao organismo que gere a meteorologia no Continente e que vai permitir, mediante as condições atmosféricas naquele dia, fazer projeções de como é que esse fogo poderá evoluir", sublinha o também autarca de Paredes.
As câmaras têm um alcance de 10 quilómetros e funcionam em 360 graus 24 horas por dia e podem detetar fogo na escuridão, podendo ser uma arma eficaz. Isto porque na memória está o ano de 2022, no qual Portugal foi o 2.º país europeu mais afetado por incêndios florestais com mais de 949 quilómetros quadrados de área ardida.
Outras vantagens associadas a este têm a ver com a criação de robots que vão permitir fazer a limpeza de terrenos de forma autónoma - um projeto que ainda está a ser desenvolvido, mas estará em breve no terreno.
Desenvolver a floresta, torná-la mais segura e provar que pessoas e máquinas podem colaborar entre si é o rosto deste projeto que pretende mudar o paradigma da defesa do território.