Executivo aprova, mas Assembleia chumba. Movimento de Rui Moreira divide-se na adesão à rede LGBTQI+
Catarina Cunha
Na última reunião do Executivo do Porto foi votada e aprovada a proposta de adesão da cidade à Rainbow Cities Network, uma rede de colaboração internacional, que tem como intuito proteger e dar suporte a todos os cidadãos LGBTQI+. Mas, na Assembleia Municipal as intensões de voto revelaram-se diferentes dos 'deputados' municipais. A proposta foi discutida e chumbada, na reunião da noite da passada segunda-feira, por uma boa parte da bancada do Movimento "Aqui há Porto", de Rui Moreira - que tinham votado favoravelmente no executivo - mas também pelo PSD e Chega.
Acerca do chumbo da bancada do movimento Aqui há Porto, em declarações ao Porto Canal o líder do grupo municipal do Movimento "Aqui há Porto", Raúl Almeida, esclarece que esse se deve ao facto de que (para a bancada) não fazia sentido "entrar numa descriminação positiva de um grupo sobre os outros, para nós são todos iguais” e assegura que o Presidente da Câmara está “confortável com a total liberdade de voto”.
Relativamente ao mesmo assunto, o deputado liberal Pedro Schuller, que votou a favor, afirma que “houve um desalinhamento e uma liberdade de voto”, tratando-se de “um facto político relevante que demonstra que a bancada [Aqui há Porto] tem pensamento próprio”.
Schuller evidencia também que o memorando da Associação “não prevê nenhuma alteração daquilo que é a política da cidade” na matéria em questão, apenas estima a “designação de um elemento da vereação” responsável pela temática e o envio de trabalho feito “para um boletim publicado anualmente no site da rede”.
"Outra das criticas [a esta rede] é a sinalização de virtude ou agitar de bandeirinhas. Eu acho que não é disso que se trata, o que me parece que isto pode ser é uma oportunidade para o Porto projetar aquilo que faz a nível internacional, talvez aprender com aquilo que é feito em outras cidades e afirmar-se como uma cidade comprometida neste combate, como já o é", remata o deputado.
Já Raúl Almeida expressa que “atrair pessoas em função da sua orientação sexual era uma descriminação” e ao contrário de Pedro Schuller garante que este recuo não compromete o potencial internacional da cidade.
“Há turistas que olham e que vêm que uma cidade que se propunha a descriminar positivamente turistas com determinada orientação sexual é uma cidade que deixa os outros de fora, de alguma forma. Portanto, também pode afastar essas pessoas. Nesse sentido, acreditamos que o equilíbrio que o Porto tem sabido ter e que as pessoas do Porto têm é aquilo que tem sabido atrair as pessoas”, finaliza o líder do grupo municipal.