Urbanização do Norte nos últimos 30 anos tem balanço positivo
Porto Canal/Agências
O Norte urbanizou-se nos últimos 30 anos e o balanço entre benefícios e custos "tem sido positivo", aponta a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) num relatório divulgado esta quarta-feira, baseado nos Censos 2021.
"O balanço entre os benefícios e os custos da urbanização tem sido positivo no Norte, uma vez que as APU [Áreas Predominantemente Urbanas] observaram, em valor absoluto, um crescimento populacional ao longo dos diferentes censos, inclusive na década de 2011-21, período no qual o Norte como um todo perdeu 2,8% da população residente", pode ler-se no documento.
A CCDR-N publicou esta quarta-feira o relatório Norte Estrutura, que analisa "a evolução demográfica do Norte nos últimos 30 anos e o seu impacto na especialização económica dos territórios", em que salienta a urbanização do território entre 1991 e 2021.
"Contudo, o ritmo de urbanização tem vindo a diminuir. Nos censos mais recentes, a população em APU do Norte aumentou apenas 0,9% entre 2011 e 2021, que compara com crescimentos mais acentuados de 3,5% na década de 2001-11 e de 11,3% na década de 1991-01", pode ler-se no documento.
Não obstante as diferenças territoriais entre APU, Áreas Medianamente Urbanas (AMU) e Áreas Predominantemente Rurais (APR), "a principal tendência dos últimos 30 anos tem sido o aumento da proporção da população residente em APU em todas as subregiões do Norte, sobretudo nas mais rurais".
"Pode-se afirmar que existe no Norte uma trajetória de convergência sub-regional na urbanização do território", aponta a CCDR, dando como exemplos que entre 1991 e 2021, a proporção de população residente em áreas urbanas "aumentou de 14,6% para 23,7% no Alto Tâmega", e os aumentos mais acentuados verificaram-se "em Terras de Trás-os-Montes (de 25,6% para 41,5%) e no Douro (de 21,3% para 33,5%)", áreas de menor densidade populacional.
A aceleração da urbanização nestes territórios "resultou de um balanço positivo entre os benefícios e os custos dessa dinâmica", já que "não teve impactos significativos na poluição, no trânsito e noutros custos de congestão, enquanto aumentavam os benefícios de escala associados à proximidade na provisão de serviços públicos e privados".
Já "nas sub-regiões com uma maior proporção de população residente em APU em 1991, o crescimento foi mais reduzido", tendo a Área Metropolitana do Porto (AMP) aumentado a proporção "de 89,9% para 92,3% entre 1991 e 2021", o Ave de 67,8% para 75,2%, e o Cávado de 61,4% para 69,1%.
Em termos absolutos, "entre 1991 e 2021, apesar do Alto Tâmega ter registado uma queda da população residente de 25,1%, a população em APU aumentou 21,7%", no Douro a população diminuiu 22,5% no total, mas a que vive em APU aumentou 22,1%, e em Terras de Trás-os-Montes a população diminuiu 19,2%, mas a urbana aumentou 31,1%.
A transversalidade deste indicador alarga-se também ao saldo migratório, já que os municípios "que registaram um aumento do saldo migratório entre 2011 e 2021 localizam-se, quer em territórios de baixa densidade, como em territórios densamente povoados".
No Norte, o saldo migratório "iniciou uma trajetória de recuperação, atingindo em 2021 o valor mais elevado dos últimos 30 anos", com 20.834 pessoas, e entre 2016 e 2021, agregado, foi de 60.984 pessoas.