Sindicatos em França marcam "nova etapa" nos protestos contra Governo com 1º de maio

Sindicatos em França marcam "nova etapa" nos protestos contra Governo com 1º de maio
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Porto Canal/Agências

Os sindicatos voltam a sair à rua em França no dia 01 de maio num protesto conjunto que marca "uma nova etapa" contra o aumento da idade da reforma em França, já promulgado pelo Presidente Emmanuel Macron. 

"Historicamente é um protesto importante, e, pela primeira vez em muito tempo, é uma manifestação unitária da CGT e da CFDT. Temos também o sindicato dos quadros da função pública, algo muito importante", afirmou à Agência Lusa Dominique Méda, socióloga e professora da Universidade Paris Dauphine.

Os apelos dos sindicatos para a participação neste movimento têm-se sucedido na última semana e a afluência pode apenas ser prejudicada pelas férias escolares da primavera, que na região de Paris vão decorrer até 08 de maio.

Face a uma possível "mobilização histórica" como anunciam as centrais sindicais, as autoridades estão em alerta de forma a evitar a violência das últimas semanas em várias cidades francesas.

Entre as principais medidas preventivas contra a vinda de entre "1.000 a 2.000 elementos violentos", como os 'black blocs', a polícia já anunciou uma grande mobilização dos seus agentes para este dia.

Para apelar à participação, muitos sindicatos têm lembrado que em 2006, devido à insurreição nas ruas, uma lei sobre contratos para os jovens foi retirada por Jacques Chirac depois de ter sido promulgada.

Mas, para a investigadora Dominique Méda, a retirada da lei parece improvável, já que Emmanuel Macron é um líder muito diferente de Chirac.

"Não é o mesmo Presidente. O Presidente Chirac era mais atento ao sentimento geral na sociedade e ele conhecia melhor as finas engrenagens da sociedade francesa. Emmanuel Macron não é assim e ele acha que deve resistir o máximo possível e jamais ceder à rua. Eu não o vejo a retirar esta lei, a não ser que houvesse um enorme movimento na rua com milhões de pessoas", indicou.

No entanto, mesmo se a idade da reforma aos 64 anos parece algo já inevitável e que deve entrar em vigor no outono, Dominique Méda defende que há muito tempo que os sindicatos não eram tão populares em França.

"Eu acho que esta mobilização tem sido um enorme sucesso para os sindicatos. Até agora, os sindicatos em França eram um pouco desprezados, achava-se que eram instituições velhas e sem grande interesse e, de forma súbita, as pessoas sabem quem está à frente destes movimentos, os líderes sindicais disseram coisas que motivaram as pessoas e vê-se para que servem os sindicatos", declarou a professora universitária.

Este novo fôlego coincide com a ascensão de duas mulheres à frente das maiores centrais sindicais francesas.

A CGT já efetuou a mudança, com o histórico Philippe Martinez a sair de cena e a ser sido substituído por Sophie Binet, enquanto a CFDT vai trocar a liderança em junho, com Laurent Berger a dar lugar a Marylise Léon.

"São duas mulheres notáveis, que marcam uma nova etapa. Os maiores sindicatos, só tinham homens como dirigentes e isso era insuportável. Agora, [passam a ser liderados por] duas mulheres jovens, brilhantes e que são como as pessoas de verdade", disse a socióloga.

"Sophie Binet já mostrou que é tão firme como Philippe Martinez, ela fala como os jovens dos nossos tempos e isso é importante. Também já fiz muitos debates com Marylise Léon e é alguém muito firme também, com muitas convicções", adiantou.

Com o Governo a propor rever as leis do trabalho e a mostrar interesse em aumentar o salário mínimo de forma a apaziguar o clima social em França, os sindicatos vão ser recebidos a partir da próxima semana pela primeira-ministra Elisabeth Borne. Sindicatos como a CFDT parecem mais abertos a negociar do que a CGT, mais reivindicativa.

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