Prazo da consulta pública do novo projeto da mina do Barroso “é injusto”

Prazo da consulta pública do novo projeto da mina do Barroso “é injusto”
| Norte
Porto Canal/Agências

A associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB) classificou esta quinta-feira como injusto e irrazoável o prazo de 10 dias úteis para a consulta pública do projeto reformulado da mina de lítio, em Boticas.

O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) reformulado da mina do Barroso, que a empresa Savannah Resources quer explorar, no concelho de Boticas, distrito de Vila Real, está em consulta pública desde quarta-feira (dia 22 de março) e até ao dia 04 de abril.

A Savannah Resources anunciou ter apresentado, na semana passada, a revisão do relatório ambiental e do plano de lavra para o projeto de exploração de lítio, solicitada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), e explicou que, após a submissão dos documentos, o prazo para a emissão da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) é 31 de maio e que espera que o projeto obtenha a sua licença ambiental em 2024.

O EIA da mina do Barroso esteve em consulta pública entre abril e julho de 2021 e, em junho de 2022, a comissão de avaliação deu um parecer desfavorável, tendo a APA notificado a empresa para reformular o projeto, antes da emissão da DIA.

A associação criada para lutar contra a exploração mineira disse esta quinta-feira, em comunicado, que a APA disponibilizou no portal Participa 1.776 ficheiros para a consulta pública durante 10 dias úteis, entre os dias 22 de março e quatro de abril, considerando que o prazo “para ler, analisar e submeter uma participação para um EIA com milhares de páginas não é razoável nem justo”.

A UDCB lamentou que o processo de consulta pública se limite “a atos simbólicos, a julgar pela inadequação dos esclarecimentos levados a cabo pela empresa e pelo prazo diminuto, desfasado da enormidade das tarefas necessárias para uma participação efetiva ao EIA em causa”.

“Tememos que não terá outro propósito que não seja a validação do projeto, e da licença ambiental, o qual se prevê catastrófico para o ambiente e à revelia da vontade da população”, salientou.

E lembrou que a “britânica Savannah Resources e a sua subsidiária portuguesa, a Savannah Lithium, estão desde 2016 investidas em abrir a maior mina a céu aberto de lítio da Europa” e que a “concretizar-se, a mina seria localizada perto das aldeias de Covas do Barroso, Romainho e Muro, consagradas Património Agrícola Mundial”.

A associação citou a diretiva 2011/92/UE do Conselho Europeu relativa à avaliação ambiental que “estabelece o prazo mínimo de 30 dias para a consulta ao público” e ainda a Convenção Aarhus da Comissão Económica para a Europa das Nações Unidas (CEE/ONU), que garante o direito à informação ambiental e à participação em matéria do ambiente, da qual Portugal é signatário, e que estipula que esta deve ter um “prazo razoável (…) para que o público se possa preparar e participar efetivamente ao longo do processo de tomada de decisão”.

“É inaceitável que a população seja mantida à margem do processo e que a APA se recuse a respeitar o direito das populações à informação e à participação efetiva. Vários pedidos feitos à APA para tornar públicos os documentos relativos ao processo de avaliação do EIA da mina do Barroso foram ignorados”, frisou.

E a propósito recordou a “comunicação contra Portugal que foi feita pela Fundação Montescola, sediada na Galiza, ao Comité da Convenção Aarhus.

A UDCB tem alertado para consequências da mina a nível “dos consumos de água, do ruído das alterações da paisagem e das condições do solo, da proximidade da aldeia, das cortas a céu aberto e das escombreiras”.

A mina do Barroso terá uma duração estimada de 17 anos e, de acordo com o resumo não técnico, o projeto reformulado eliminou as atividades durante o período noturno e concentrou as atividades mais ruidosas nos dias úteis entre as 12h00 e as 15h00.

O projeto foi reformulado para dar resposta às questões levantadas pela comissão de avaliação da mina do Barroso, a nível dos sistemas ecológicos (potencial perturbação de espécies como o mexilhão-de-rio, gralha-de-bico-vermelho e da atividade natural do lobo-ibérico) e dos recursos hídricos (presença de elementos do projeto sobre linhas de drenagem, a sua proximidade ao rio Covas, possibilidade de deterioração da qualidade das águas superficiais com afetação dos objetivos definidos na Diretiva Quadro da Água”.

+ notícias: Norte

Gaia. Homem detido por agredir outro com arma branca no Jardim do Morro 

Um homem foi detido por agredir outro violentamente com uma arma branca, no Jardim do Morro, em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, anunciou esta sexta-feira a Polícia Judiciária (PJ).

Agrediu polícia e foi detido em Espinho

A PSP deteve um homem, de 44 anos, em Espinho, no distrito de Aveiro, por ameaças e agressão contra polícia, informou esta sexta-feira aquela força policial.

Queda de neve leva a IPMA a colocar distritos do Norte sob aviso amarelo

Os distritos de Bragança, Viseu, Vila Real, Braga, Porto, Viana do Castelo, Guarda e Castelo Branco vão estar sob aviso amarelo até à manhã de sábado por previsões de queda de neve, adiantou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).