Livre diz que "pedir perdão não chega" e pede que Igreja faça mais perante abusos

| Política
Porto Canal / Agências

O partido Livre defendeu hoje que "pedir perdão não chega" e pediu à Igreja para fazer mais, apontando que os apoios anunciados "foram essencialmente um inconsequente memorial".

"Pedir perdão não chega e ficámos a saber que os apoios que foram anunciados foram essencialmente um inconsequente memorial; apoio espiritual, psicológico e apoio psiquiátrico quando o que no mínimo se esperava é que o mesmo valor do investimento feito nas jornadas mundiais da juventude iniciasse já a criação de um fundo para indemnizar as vítimas", refere o Livre num comunicado hoje divulgado.

Na sexta-feira, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, remeteu eventuais indemnizações às vítimas de abusos sexuais para os seus autores, indiciando que não haverá lugar a indemnizações por parte da instituição.

"Quanto ao apoio às vítimas, a questão das indemnizações é clara, tanto no Direito Canónico, como no Direito Civil. Se há um mal que é feito por alguém é esse alguém que é responsável, para falar de indemnização", disse, então, José Ornelas.

O prelado falava, em conferência de imprensa, após a Assembleia Plenária extraordinária, que se realizou em Fátima na sexta-feira, dedicada, exclusivamente, à análise do relatório final da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de crianças na Igreja Católica em Portugal, divulgado em 13 de fevereiro.

No comunicado hoje divulgado, o Livre diz que irá acompanhar várias iniciativas para enfrentar os crimes de abuso sexual.

"Acompanharemos as iniciativas, na revisão e alargamento dos prazos de prescrição para crimes de abuso sexual, em particular de menores, iniciativas de criação de mecanismos de apoio psicológico e acompanhamento aos sobreviventes destes crimes, o aumento de financiamento a estes apoios e o reforço de planos de informação e de combate aos abusos sexuais, a criação de linhas permanentes de apoio e de serviços dedicados no SNS; a articulação com instituições da sociedade civil já no terreno, e a criação de uma comissão análoga, multidisciplinar, para alargar o trabalho agora iniciado aos abusos sexuais de menores na comunidade e, sobretudo, à sua prevenção", regista.

Na ótica do partido representado na Assembleia da República por Rui Tavares, a edução e sexual e a informação são ferramentas preventivas básicas para que as crianças sejam capazes de "identificar, designar e transmitir aos adultos" dados para combater os abusos.

O Livre insistiu que o "critério cimeiro" passa por não falhar "às pessoas que deram o seu testemunho".

"Aquilo que esperamos todos é consequência contra o silenciamento e a impunidade. Tudo continuaremos a fazer para acima de tudo, não acrescentar às suas vozes palavras vãs", conclui o partido.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4.815.

Vinte e cinco casos foram reportados ao Ministério Público, que deram origem à abertura de 15 inquéritos, dos quais nove foram já arquivados, permanecendo seis em investigação.

Estes testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, período abrangido pelo trabalho da comissão.

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