Protesto em Ovar. Exigida afetação dos utentes locais aos serviços de saúde da Feira

Protesto em Ovar. Exigida afetação dos utentes locais aos serviços de saúde da Feira
| Norte
Porto Canal / Agências

Cerca de uma centena de cidadãos participaram esta sexta-feira numa marcha em defesa da afetação dos serviços de saúde de Ovar à futura Unidade Local de Saúde (ULS) de Santa Maria da Feira, opondo-se à possível referenciação para Aveiro, a maior distância.

Com cerca de 100 participantes, a caminhada entre os Bombeiros Voluntários de Ovar e o Tribunal desse município do distrito de Aveiro foi organizada pelo movimento cívico ASO – Acorda Saúde Ovar, que foi constituído na sequência de várias manifestações de preocupação sobre o assunto nas redes sociais da Plataforma de Intervenção Cívica Coração Vareiro.

 

A discussão entre a comunidade deve-se ao facto de, inicialmente, a Câmara de Ovar ter aprovado resoluções da Comunidade Intermunicipal da Ria de Aveiro (CIRA) mostrando-se favorável a que os seus utentes ficassem afetos à ULS a criar em Aveiro, enquanto cidadãos e partidos defendem que só a afetação à ULS de Santa Maria da Feira faz sentido.

Daniela Pinho Lopes é uma das porta-vozes do movimento ASO e explica: “Organizámos este protesto porque surgiram notícias com os documentos da CIRA a dizer que o presidente da Câmara de Ovar e também vice-presidente dessa estrutura aprovou que a população vareira passasse a ser atendida em Aveiro. Isso não tem qualquer lógica porque é muito mais longe do que a Feira – a que a população já vem recorrendo há anos, porque o seu hospital de referência é o São Sebastião”.

Insistindo na necessidade de “serviços de proximidade”, a mesma manifestante nota que, para as freguesias mais a Norte no concelho de Ovar, o hospital da Feira está a distância de 5 a 10 quilómetros, enquanto o de Aveiro fica a 50.

“A marcha é para deixarmos bem claro que os 55.000 habitantes de Ovar preferem ser referenciados para a ULS da Feira e que a obrigação do presidente da Câmara é representar os interesses dos seus munícipes”, declara Daniela Pinho Lopes.

O movimento ASO quer que a referenciação dos utentes de Ovar seja decidida num prazo máximo de “30 a 60 dias” e antecipa que, caso isso não se verifique, avançará para outras formas de luta, nomeadamente protestos em Lisboa.

“O que não pode acontecer é ainda não haver decisão final e os utentes de Ovar já estarem a ser encaminhados pelo centro de saúde para o hospital de Aveiro e ouvirem coisas como ‘agora tem que esperar que lhe liguem de lá porque a marcação da sua cirurgia vai ser com eles’”, diz Daniela Pinho Lopes.

Ana Cláudia Reis é uma das utentes que já foi encaminhada para Aveiro e não gostou: “Liguei para a linha Saúde 24 por causa de uma urgência de pediatria para o meu filho e eles disseram que me iam referenciar para Aveiro [a 50 quilómetros] ou Coimbra [a 100]. Eu disse-lhes que isso era muito longe, que o habitual era mandarem-nos para a Feira e eles ficaram de analisar, mas a seguir recebi a mensagem no telemóvel a encaminhar-me mesmo para Aveiro, o que nunca tinha acontecido antes”.

Para essa residente de Ovar, a situação é ainda mais preocupante se se pensar “no caso de uma pessoa que sofra um enfarte, já que a demora até Aveiro pode ser fatal” – sobretudo considerando que o hospital de Ovar “nem sequer dispõe de uma VMER [viatura médica de emergência e reanimação] para dar assistência à vítima na viagem” e essa viatura terá que ser requisitada à Feira, atrasando ainda mais o tratamento hospitalar.

Questionada pela Lusa, a Câmara Municipal de Ovar não comenta a sua posição de dezembro de 2022 na CIRA, que, em comunicado de imprensa, divulgara na altura uma posição conjunta sobre a criação da ULS de Aveiro.

“A CIRA apoia esta decisão da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde [SNS] (…), tendo já manifestado a Fernando Araújo e (…) ao Ministro da Saúde toda a sua disponibilidade e empenho para acompanhar o grupo de trabalho (…) da criação da ULS da Região de Aveiro, defendendo serviços de saúde primários e hospitalares de qualidade e proximidade em todos os 11 municípios associados, com a ativa participação nesse processo dos hospitais de Aveiro, Águeda, Estarreja e Ovar”, refere a posição conjunta.

Salvador Malheiro, presidente da Câmara de Ovar, alega agora, contudo, o seu “desacordo de princípio” quanto à referenciação dos utentes vareiros para Aveiro e garante desejar o mesmo que os seus munícipes. “Pela proximidade que temos com as nossas gentes, sabemos bem que elas querem ser referenciadas para o local mais próximo e não para o local que mais convém ao Ministério da Saúde”, afirma.

O autarca social-democrata diz que comunicou à tutela a preferência pela afetação à ULS da Feira e adianta que solicitou “nova reunião com diretor executivo do SNS, aguardando-se o seu agendamento”.

A Lusa também questionou sobre o assunto o presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, Emídio Sousa, para perceber quando será acionada a ULS com sede nesse concelho. O autarca refere que o SNS ainda está a ultimar os termos da mudança, mas adianta: “O que está previsto é que a nova ULS da Feira entre em funcionamento ainda no primeiro trimestre de 2023”.

Entretanto, esta tarde os eleitos do PS, CDS-PP, BE, PCP e Movimento 2030 da Assembleia Municipal de Ovar solicitaram, em posição conjunta, o agendamento de uma sessão extraordinária desse órgão só para análise deste tema.

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