Quem quer ser programador? Mudar de profissão está na moda e pode dar mais dinheiro

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Desde 2019, uma das maiores empresas tecnológicas do Porto já contratou 11 profissionais sem qualquer formação superior na área das Tecnologias de Informação. O fenómeno é possível graças a cursos de reconversão profissional e tem atraído cada vez mais pessoas em todo o mundo.

Considerada, no ano passado, a melhor grande empresa para trabalhar em Portugal, a BLIP parece não ter medo de dar “a primeira oportunidade” a quem quer mudar de vida. Nos quadros da multinacional, com filial no Porto, estão antigos farmacêuticos, enfermeiros, dentistas e até veterinários. Todos frequentaram o Switch, um curso de reconversão dinamizado pela Porto Tech Hub, em parceria com o Instituto Superior de Engenharia do Porto. Agora são programadores e garantem que é entre os computadores que são mais felizes.

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 BLIP foi considerada, em 2021, a melhor grande empresa para trabalhar em Portugal

"Os primeiros três meses foram horrorosos"

É entre as centenas de secretárias que ocupam o edifício da BLIP que está instalada Filipa Borges. Não vai todos os dias ao escritório (até porque a empresa permite o teletrabalho), mas garante que é ali que se sente bem. Os tempos em que o dia era passado em pé a atender clientes numa farmácia já lá vão e parecem não deixar saudades. "Eu já não gostava muito de atender ao público e mudar de farmácia não era uma opção porque iria ser igual em todo o lado", conta ao Porto Canal. Nessa altura, "tinha um amigo que estava a tirar o Switch e que estava muito feliz", explica Filipa, que garante que esse foi o impulso que precisava para se inscrever no curso de reconversão profissional. 

No entanto, nem tudo foi um mar de rosas. "Os primeiros três meses foram horrorosos, porque para quem não tem bases de programação é muita coisa e muito rápido", confessa Filipa.

Mas, no final, "valeu super a pena". Com o curso terminado, a ex-farmacêutica candidatou-se para uma posição na BLIP, "a empresa onde queria trabalhar" há já muito tempo. "O meu amigo que trabalhava cá dizia que viajava imenso, que tinha flexibilidade e que conseguia conciliar a vida pessoal com o trabalho e foi também isso que me fez mudar de área", garante Filipa.

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Na BLIP os funcionários podem optar pelo teletrabalho ou pelo trabalho presencial

A possibilidade do trabalho remoto é também uma das motivações apresentadas por quem decide abraçar a carreira da programação. No caso concreto da BLIP "os funcionários têm três opções disponíveis: estar 100% no escritório, estar 100% em casa, ou conjugar as duas opções", explica Cátia Sampaio, membro da equipa de liderança da tecnológica. "Ou seja, existe uma total liberdade, mas também muita responsabilidade na entrega de trabalho", algo que, para a responsável da empresa, é uma mais valia, sobretudo para quem tinha, no passado, profissões com horários mais exigentes. 

Além disso, a BLIP garante que integrar estes funcionários nos quadros da empresa tem muitos outros pontos positivos. "Eles trazem uma bagagem profissional. Muitos deles até já atenderam ao público e isso ajuda no dia a dia, na gestão de stress e das equipas", afirma Cátia Sampaio. 

"Os computadores não sentem dor"

Da secretária de Filipa ao lounge onde nos encontramos com Ricardo há "um mundo" para descobrir dentro da BLIP. Uma "nap room" (sala para sestas), um terraço, e uma sala de jogos com direito a bilhar e consolas são alguns dos espaços que a empresa disponibiliza aos funcionários para momentos de lazer e de convívio. 

"Passando da medicina dentária para esta profissão (programador) a principal vantagem é que os computadores não sentem dor, nem ligam a meio da noite a pedir medicação", começa por ironizar Ricardo Nogueira, que também fez um curso de reconversão profissional para conseguir entrar na BLIP. 

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Ricardo Nogueira era médico dentista até decidir mudar de vida

"Mas fora de brincadeiras", o antigo dentista garante que agora tem "mais paz de espírito" e que apesar de ter um volume de trabalho maior, tem mais liberdade na vida pessoal. 

A mudança compensa financeiramente? "Completamente"

Considerada a área que paga melhores ordenados em Portugal, as Tecnologias de Informação e Comunicação estão a atrair cada vez mais pessoas. Por isso, a resposta de Ricardo Nogueira à pergunta do Porto Canal é rápida. "Claro que compensa. A 100%", garante. "Eu antes estava a recibos verdes e era muito difícil arranjar um emprego e um ordenado estável em medicina dentária, por isso, só saber quanto vou receber ao fim do mês já é uma diferença enorme", explica Ricardo. 

Também Filipa não tem dúvidas. A antiga farmacêutica assegura que tem uma vida financeira mais estável desde que se tornou programadora. "É uma diferença grande. Em farmácia supostamente temos salários base, mas as empresas não são obrigadas a cumprir. Ou seja, um farmacêutico não ganha o que está tabelado, também não tem grande progressão na carreira", lamenta.

Já Cátia Sampaio, membro da equipa de liderança da BLIP, explica que as mais valias monetárias "não são assim tão lineares", mas admite que as empresas tecnológicas são mais competitivas nesse aspeto. 

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