Manuel Monteiro critica Moedas por querer contribuir para monumento a Vasco Gonçalves

| Política
Porto Canal / Agências

O ex-líder do CDS-PP Manuel Monteiro criticou hoje o presidente da Câmara Municipal de Lisboa por querer contribuir para criar um monumento de homenagem ao general Vasco Gonçalves, apelando que não se esqueça que foi eleito numa coligação.

"Seria do meu ponto de vista vantajoso que o senhor presidente da Câmara [Municipal de Lisboa], numa matéria desta natureza, tivesse o cuidado de nunca se esquecer que lidera uma câmara municipal em coligação e de uma coligação de partidos", defendeu Manuel Monteiro.

Em declarações à agência Lusa, o antigo líder dos centristas reagiu ao facto de o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (eleito pela coligação 'Novos Tempos' que junta PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), ter aceitado esta quarta-feira o desafio da Associação Conquistas da Revolução de trabalhar em conjunto na proposta de criação de um monumento de homenagem ao general Vasco Gonçalves (1921-2005).

Monteiro, que foi presidente do CDS-PP entre 1992 e 1997, considera "lamentável que o presidente da CML admita participar numa homenagem a alguém que teve a responsabilidade de quase provocar uma guerra civil em Portugal, que quis instaurar um regime ditatorial totalitário em Portugal, que é um dos responsáveis pelo atraso económico do país com a vaga de nacionalizações absurdas que provocou em 1975".

"E acho estranho que um presidente de câmara, que deveria ter memória, eleito com os votos daqueles que também lutaram contra as ideias de Vasco Gonçalves, acho estranho que esse presidente se associe ou admita associar-se a homenagens conducentes à feitura de estátuas ou de bustos ou do que seja de alguém que representa o oposto ou representou o oposto dos valores dos que votaram no engenheiro Carlos Moedas para ser presidente da CML", defendeu.

Monteiro vincou que as suas críticas são dirigidas a Carlos Moedas e "não aos partidos que suportam a coligação".

"O senhor engenheiro Carlos Moedas foi eleito em nome dos novos tempos, não é para estar agora a fazer homenagens e elogios a velhos tempos e esses velhos tempos que ainda por cima são maus e profundamente negativos", criticou.

Manuel Monteiro confessou ainda não se sentir representado enquanto eleitor.

"A mim não me está a representar seguramente. Eu votei nele e espero não me vir a arrepender com declarações e manifestações desta natureza", disse.

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), aceitou na quarta-feira o desafio da Associação Conquistas da Revolução de trabalhar em conjunto na proposta de criação de um monumento de homenagem ao general Vasco Gonçalves (1921-2005).

"Em relação, concretamente, à construção de um monumento, eu penso que trabalharemos convosco um bocadinho mais na definição desse monumento, se seria uma estátua ou se seria um busto", afirmou Carlos Moedas, em resposta à intervenção do presidente da Associação Conquistas da Revolução, Manuel Begonha, que apresentou a proposta na reunião pública da Câmara de Lisboa.

O social-democrata referiu que houve já algumas homenagens feitas pela Câmara de Lisboa ao general Vasco Gonçalves, inclusive a atribuição do seu nome a uma rua junto à Quinta das Conchas, considerando que "é importante para a democracia" continuar a homenageá-lo na cidade.

"É óbvio que, para nós, será sempre uma honra e um gosto continuar a homenagear o senhor general Vasco Gonçalves", reforçou o presidente da Câmara de Lisboa, manifestando a disponibilidade do município de trabalhar com Associação Conquistas da Revolução: "Vou dar ordem para que isso aconteça e para que se possa começar a trabalhar nesse sentido".

Manuel Begonha, presidente da associação criada em 2012 para preservar a memória, vida e obra do militar e político que foi primeiro-ministro durante quatro governos provisórios a seguir à Revolução do 25 de Abril, disse que a criação de um monumento para recordar a vida e obra do general Vasco Gonçalves (1921-2005) é "de excecional valia para o município de Lisboa e para Portugal", indicando que a elaboração do projeto foi aceite pelo arquiteto Álvaro Siza.

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