Demolição do mirante da Madalena deve ser a "última das últimas" opções - CDU/Gaia

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Porto Canal / Agências

Vila Nova de Gaia, Porto, 27 jun 2022 (Lusa) - A CDU/Gaia defendeu hoje, numa manifestação junto ao mirante da Madalena cuja demolição está prevista para este mês, que destruir património deve ser sempre a "última das últimas" opções.

"A questão do património a destruir deve ser sempre a última das últimas equações colocadas em cima da mesa", disse à Lusa Paula Baptista, deputada municipal da CDU em Vila Nova de Gaia (distrito do Porto), rodeada por mais de três dezenas de pessoas, na freguesia da Madalena.

A CDU fez hoje, junto ao apeadeiro da Madalena, uma manifestação em defesa do mirante ferroviário do século XIX, cuja demolição está prevista para este mês para a construção de uma passagem superior pedonal, no âmbito das obras na linha do Norte executadas pelo programa Ferrovia 2020.

Em causa está "um mirante de estilo revivalista, com aspeto de torre castelã, aqui construído posteriormente à construção da linha ferroviária (1864/65), para que dele se pudesse contemplar a passagem dos comboios", pode ler-se no Estudo do Património Arqueológico e Arquitetónico da empreitada, consultado pela Lusa.

Na manifestação de hoje, em que vincou que a CDU "não é contra a passagem aérea", várias pessoas encontravam-se tanto com bandeiras do PCP como com cartazes com mensagens como "Recuperar o mirante já", "O mirante não é para demolir" ou "O mirante é património".

"Este aqui, porque está salvaguardado no Plano Diretor Municipal [PDM] de Vila Nova de Gaia, nós não conseguimos perceber muito bem o porquê de não se salvaguardar este património", acrescentou à Lusa a deputada.

Reconhecendo que "do ponto de vista da engenharia pode ser uma solução difícil de encontrar", Paula Baptista considerou que "quando os desafios são maiores, os projetos são melhores", e que "o facto de ser um desafio não quer dizer que seja pior ou que não haja solução".

Questionada acerca de outros casos que geraram polémica em Gaia, como as passagens superiores na Aguda e Granja, a deputada disse que "há uma diferença muito grande entre aquilo que são as necessidades, os anseios, as aspirações que as populações tenham" e "aquilo que o organismo central Estado projeta" nas suas obras.

"Se calhar este é um daqueles belos exemplos de que se houvesse efetivamente uma regionalização, poderia ter outro tipo de soluções", considerou a deputada da CDU.

Já sobre as acusações do presidente da Junta da Madalena, Miguel Almeida, que considerou, quanto à manifestação de hoje, que existia "muito cinismo" e "muito oportunismo político", a deputada disse que a CDU fará manifestações "sempre que o assunto o merece".

Presente na manifestação esteve também a arqueóloga gaiense Teresa Silva, que se quis associar às reivindicações em defesa do mirante, "na qualidade de cidadã", por estar "revoltada com a destruição deste património".

"Confesso que não consigo compreender. Se existe PDM, se está inventariado, se até tem classificação máxima no PDM, como é que é possível que vá ser destruído? Para que serve o PDM? Para que serve gastar milhares ou milhões a fazer Estudos de Impacto Ambiental, se depois quando chega a hora destrói-se por 'dá cá aquela palha'?", disse à Lusa.

O historiador de arte Francisco Queiroz alertou que o mirante é "dos melhores exemplares no país" e "um exemplo paradigmático de uma tipologia de arquitetura específica de uma época".

A Junta de Freguesia da Madalena, em Gaia, espera apresentar esta semana à Infraestruturas de Portugal (IP) uma proposta para manter o mirante ferroviário cuja demolição está prevista para este mês, disse hoje à Lusa o presidente da autarquia.

JE // MSP

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