Portugal chega a Campinas, mas só se deixa ver ao longe
Porto Canal
A seleção portuguesa de futebol chegou hoje atrasada e passou de forma fugaz pelo aeroporto de Campinas, cidade do estado de São Paulo, que vai funcionar como o seu quartel-general durante a fase final do Mundial2014.
Uma desilusão para José Gonçalves Pereira, 55 anos, mais de metade dos quais passados no Brasil, que madrugou para chegar ao aeroporto internacional de Campinas apenas para receber a má notícia - mas não totalmente inesperada - de que os jogadores portugueses não sairiam pelo terminal de chegadas.
"Foi uma pequena desilusão, mas sabia que tinha acontecido a mesma coisa com as outras seleções que já chegaram para disputar a 'Copa'", lamentou à agência Lusa o adepto da equipa das "quinas", natural de Viseu, que emigrou para o Brasil há 32 anos.
Além de chegar com quase duas horas de atraso em relação ao horário inicial, que apontava para as 10:00 horas (14:00 em Lisboa), a comitiva lusa saiu pelo terminal de cargas do aeroporto, num autocarro que só se deixou fotografar à distância.
Os jogadores, protegidos por uma barreira de exército e escoltados por batedores da polícia militar e da polícia federal brasileiras, acenaram distraidamente às perto de 100 pessoas que, ao contrário José Pereira, optaram por não desafiar as probabilidades e seguiram diretamente para a saída alternativa.
No hotel, à espera dos 23 eleitos de Paulo Bento, estará o futuro equipamento da Associação Portuguesa de Desportos, que os jogadores da seleção nacional poderão experimentar muito antes dos "legítimos" titulares, uma vez que só será estreado após o Mundial2014, precisamente, em Campinas, num jogo com o Ponte Preta.
"Será uma pequena surpresa para eles. É uma homenagem que quisemos fazer à seleção, porque a Portuguesa é o maior clube da colónia portuguesa no estado de São Paulo, senão mesmo no Brasil", explicou Carlos Ferreira, vice-presidente do departamento de comunicação da "Lusa".
O dirigente da Portuguesa, que se deslocou ao aeroporto apenas para dar as boas-vindas à seleção nacional, precisou que todos os membros da comitiva "terão direito a um uniforme, dos jogadores ao chefe de cozinha, passando pelo presidente, Fernando Gomes, e o treinador, Paulo Bento".
A equipa lusa chega ao Brasil menos de 24 horas depois de ter passado com distinção no último teste antes da estreia no Mundial2014, ao golear a República da Irlanda por 5-1, num jogo particular realizado nos Estados Unidos, mas a melhor notícia foi a recuperação de Cristiano Ronaldo.
O nome do avançado foi o mais ouvido à porta do terminal de cargas e não seria de estranhar que os mesmos 100 admiradores passassem duas horas ao sol de Campinas mesmo se o avião proveniente de New Jersey trouxesse apenas o melhor futebolista mundial em 2013.
"Um Mundial sem Ronaldo não era Mundial, não era nada", atirou Albano Calvão D'aira, 65 anos, emigrado no Brasil há 40, que já vê o avançado levar a seleção até à final do torneio: "Você vai ter de ficar aqui até 13 de julho", prognosticou.
Tal como o de Albano, o maior lamento de José Álvaro D'aira, de 62 anos, que emigrou pouco depois de o irmão lhe ter aberto o caminho, foi não ter conseguido comprar bilhete para os jogos de Portugal, em especial com a Alemanha, em que pretendia "assistir à desforra do Euro2012", no qual os alemães venceram por 1-0.
"Vou ter de vê-los pela televisão. Entrei em mais de 50 sítios na Internet e não consegui. Nem sequer consegui um ingresso para o treino aberto no Estádio Moisés Lucarelli", o primeiro que o selecionador Paulo Bento vai orientar no Brasil, na quinta-feira, às 10:30 horas (14:30 em Lisboa).
Portugal integra o grupo G do Mundial2014, em conjunto com a Alemanha, frente à qual se vai estrear, na segunda-feira, em Salvador, os Estados Unidos, que defrontará a 22, em Manaus, e o Gana, último adversário na primeira fase de prova, a 26, em Brasília.