Nelas, 25 jun (Lusa) -- O presidente da Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas de Urânio (ATMU), António Minhoto, mostrou-se hoje satisfeito por o PS ter apresentado um projeto de resolução que prevê o direito a indemnização em caso de doença profissional.

Os antigos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU) - que esteve sediada na Urgeiriça, no concelho de Nelas - lutam há vários anos para que sejam pagas indemnizações aos familiares dos colegas que morreram com cancro, devido à exposição à radioatividade.

Esta reivindicação voltou a ficar por resolver em setembro de 2012, quando a Assembleia da República chumbou os projetos de lei apresentados pelo Bloco de Esquerda, PCP e "Os Verdes".

Entretanto, com o objetivo de dar resposta a esta reivindicação, todos os partidos apresentaram projetos de resolução na Assembleia da República, tendo o do PS sido agora conhecido.

"Não podemos deixar de nos congratular pela sua qualidade, uma vez que representa um avanço na abordagem que tem sido feita nesta temática, nomeadamente quando reconhece o 'conhecimento médico e científico que vem sendo adquirido neste domínio'", refere António Minhoto, em comunicado.

O antigo trabalhador da ENU destaca o facto de a proposta aludir à "criação de mecanismos que garantam de forma célere a efetividade do direito a indemnização emergente de doença profissional".

"Pela primeira vez, todos os grupos parlamentares apresentarem projetos de resolução, o que nos abre uma enorme esperança", sublinha.

A direção da ATMU lembra que se está "perante um problema social e de saúde que se agrava com o tempo" e que urge resolver.

"A discussão e votação no próximo dia 11 de julho, em plenário na Assembleia da Republica, de todos os projetos de resolução, é um momento gratificante para a nossa luta, porque abre perspetivas para a solução que se exige", refere António Minhoto.

Neste âmbito, a direção da ATMU vai "empenhar-se junto dos grupos parlamentares para que as votações na Assembleia da República tenham o apoio recíproco em todos os projetos" e mobilizar ex-trabalhadores e seus familiares para estarem presentes.

António Minhoto realça que o pagamento das indemnizações é "um inequívoco ato de justiça, em face da situação social grave que vivem os familiares daqueles que pagaram com a vida a exposição à maldição do urânio".

"Trata-se, pois, de reparar a negligência do estado, ao longo de anos e anos", acrescenta.

A ENU teve a seu cargo, desde 1977, a exploração de minas de urânio em Portugal. A empresa entrou em processo de liquidação em 2001 e encerrou definitivamente no final de 2004.

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