Estádios “elefantes brancos” e obras não terminadas geram dúvidas sobre legado para cidades-sedes
Porto Canal
Estádios que podem se tornar "elefantes brancos" e obras de infraestrutura não terminadas estão na base das críticas à organização do Mundial2014 e dúvidas em relação ao legado que ficará para as cidades-sedes, a 10 dias do início do evento.
Os "elefantes brancos" são os estádios conhecidos por serem grandes, mas serem subaproveitados. A Arena Amazônia, por exemplo, fica em Manaus, cidade que não possui nenhuma equipa na série A do "Brasileirão", e que funcionará como sede da "Copa Verde", que reúne clubes do norte e centro-oeste do Brasil.
A reconstrução da Arena, que tem capacidade para 44 mil pessoas, custou 669,50 milhões de reais (217,2 milhões de euros), sendo 400 milhões de reais (129,7 milhões de euros) financiamento do Governo federal brasileiro e o restante, investimento da administração local, segundo a Matriz de Responsabilidades do Mundial2014.
A Arena Pantanal, em Cuiabá, e o estádio Mané Garrincha, em Brasília, também não são sedes de nenhuma equipa da elite do futebol brasileiro, e correm o risco de serem subaproveitados, com seus 42 mil e 70 mil lugares, respetivamente.
A reconstrução do estádio de Brasília custou 1,4 mil milhões de reais (454 milhões de euros) aos cofres da administração local, enquanto o de Cuiabá chegou a 570,10 milhões de reais (184,9 milhões de euros), divididos entre financiamento do Governo Federal e investimento público local.
O Executivo brasileiro, que optou por realizar o Mundial em 12 cidades-sedes com a justificação de levar o evento para perto de mais pessoas, afirma que grandes equipas do país também irão efetuar partidas nesses estádios.
Em relação às infraestruturas, a Matriz de Responsabilidades do Mundial diminuiu o número de intervenções de mobilidade urbana previstas de 56 para 45 entre janeiro de 2010 e novembro de 2013. Segundo um levantamento do diário Folha de São Paulo, apenas 10% das obras anunciadas já foram concluídas.
Outras obras, como a reforma do aeroporto de Fortaleza, a construção de uma rede de comboios (monorail) em Cuiabá e Manaus, e obras de mobilidade nas ruas de Recife, foram mantidas, mas tiveram o prazo de término prorrogado para depois do Mundial2014.
No domingo, a presidente brasileira Dilma Rousseff afirmou que as obras de infraestrutura com investimento do Governo federal não estão a ser feitas para o Mundial2014, mas sim como legado para as cidades-sedes e para o país, durante UMA visita a intervenções de mobilidade urbana no Rio de Janeiro.
O custo total previsto para o Mundial2014 é de 25,57 mil milhões de reais (8,29 mil milhões de euros), incluindo as obras de mobilidade urbana, os estádios e seu entorno, aeroportos, portos, telecomunicações, segurança, turismo e instalações complementares, segundo a Matriz de Responsabilidades para o evento, atualizada em novembro de 2013.