Pedro Mendes acredita que Portugal podia ter ido mais além no Mundial 2010
Porto Canal
O ex-internacional português Pedro Mendes considera que a seleção nacional de futebol podia ter ido mais além no Mundial2010, na África do Sul, em que foi eliminado pela Espanha nos oitavos de final.
Portugal passou a fase de grupos em segundo lugar, atrás do Brasil, e apanhou depois a forte seleção espanhola, caindo aos pés da futura campeã mundial, num jogo decidido por um golo solitário de David Villa.
Pedro Mendes não esquece "o amargo de boca" e considera que os jogadores têm consciência de que podiam "ter feito mais alguma coisa e ido mais além".
"Tínhamos equipa e valor para isso, penso que foi um adeus prematuro", disse, em entrevista à agência Lusa.
Na África do Sul, o primeiro jogo - "sempre aquele que não queres perder" - foi com a Costa do Marfim, de Didier Drogba, Emmanuel Eboue, Yaya Touré ou Salomon Kalou, e Portugal não foi além de um empate a zero.
"As pessoas criticaram um bocado esse resultado, mas se Portugal tinha uma excelente seleção e uma grande equipa, a Costa do Marfim tinha uma série de jogadores que jogavam em grandes campeonatos e grandes equipas. Sabíamos que, depois, tínhamos a Coreia do Norte para vencer e encarar o jogo com o Brasil já com alguma tranquilidade, e foi isso que aconteceu. Mas, em Portugal, de tudo se faz um drama e tudo se critica", lamentou.
Seguiu-se a frágil Coreia do Norte e Portugal conseguiu a sua maior goleada de sempre em fases finais de competições internacionais: 7-0.
"Jogámos muito bem, controlámos o jogo de princípio ao fim, com muita tranquilidade e posse de bola. Fizemos golos bonitos, jogadas de envolvimento excecionais, a equipa estava soltinha, confiante e com todos a lutar pelo mesmo objetivo", lembrou.
O derradeiro embate do grupo foi com o Brasil e o "nulo" da primeira partida repetiu-se. Pedro Mendes admite que Portugal jogou "nitidamente para o empate".
"Era o resultado que interessava, a estratégia passava por aí. Sabíamos que, depois, nos podia calhar a Espanha, mas, quando entras num Campeonato do Mundo ou da Europa, o primeiro grande objetivo é passar a fase de grupos e não podes ir para o último jogo tentar o primeiro lugar e pôr em causa esse mesmo apuramento", notou.
Nos oitavos de final, o "azar" de apanhar "a melhor seleção do mundo nessa altura", a Espanha, campeã da Europa em 2008 e que venceria esse Campeonato do Mundo, ditou o adeus.
"A Espanha era aquela máquina compressora de posse de bola, era praticamente o FC Barcelona a jogar. Perdemos 1-0, mas o jogo foi repartido, não houve um domínio claro da Espanha. Foram felizes no golo que marcaram e nós tivemos uma ou outra oportunidade para marcar, mas não fomos felizes", resume.
Na fase de qualificação, o antigo médio do Vitória de Guimarães, FC Porto, Tottenham, Portsmouth, Glasgow Rangers e Sporting fez apenas os dois últimos jogos, a dupla jornada no espaço de quatro dias, em outubro de 2009, contra a Hungria, no Estádio da Luz (3-0), e diante da Malta, em Guimarães (4-0).
"O jogo com a Hungria era importantíssimo e entrámos com uma carga de responsabilidade acrescida porque sabíamos que tudo dependia praticamente daquele jogo para irmos ao 'play-off'" com a Bosnia-Herzegovina, no qual Pedro Mendes não participou devido a lesão, e que carimbou o apuramento depois de triunfos por 1-0 em Lisboa e em Zenica.
Poucas vezes internacional, Pedro Mendes diz ter caído "quase de paraquedas" no jogo com a Hungria, mas nota que Carlos Queiroz conhecia-o bem, de Inglaterra, dos tempos em que foi treinador adjunto do Manchester United, e agradece-lhe a oportunidade de jogar num Mundial.
"É toda uma envolvência, ter todo um país a apoiar-nos. E, depois, na África do Sul, todos aqueles emigrantes, é um momento muito especial e bonito. Sinto-me um felizardo por ter feito parte disso. É o auge da carreira de qualquer jogador", explicou à Lusa.