Trabalhadores acreditam na reversão do fecho da refinaria de Matosinhos

Trabalhadores acreditam na reversão do fecho da refinaria de Matosinhos
| Norte
Porto Canal com Lusa

O Natal estava à porta quando a Galp anunciou o fecho da refinaria em Matosinhos, no distrito do Porto, uma decisão apresentada como "fechada", mas que os trabalhadores acreditam que terá reversão. Terça-feira é dia de concentração em Lisboa.

"Continuamos a acreditar na permanência da refinaria, na sua requalificação, modernização e permanência no concelho e, claro, na manutenção dos postos de trabalho", refere Telmo Silva, de 36 anos.

A trabalhar na Petrogal há 16 anos, o membro da comissão de trabalhadores e dirigente sindical espera por lá continuar "mais uns quantos", apesar do impacto que a notícia gerou quando foi tornada pública a 21 de dezembro.

Dias antes, os trabalhadores tinham recebido um cabaz de Natal, prenda inédita, agora vista como "prenda amarga", da empresa, conforme contaram à agência Lusa, usando tempos verbais sempre associados ao hipotético por não acreditarem num cenário definitivo.

"Caso o encerramento se concretizasse seria de enorme destruição do Norte do país, sobretudo da economia local. Além disso, Portugal veria a sua dependência exterior crescer porque deixaria de produzir determinados produtos", alerta Telmo Silva que pede a intervenção política do primeiro-ministro, dado o Estado ser acionista da Galp com uma participação de 7%, através da Parpública.

É por isso que estão mobilizados trabalhadores para uma concentração na terça-feira em Lisboa junto à residência oficial de António Costa às 12:00. Antes decorre uma tribuna pública em frente à sede da Galp, nas Torres da capital, às 10:00.

Este protesto é já o segundo depois se terem juntado frente aos paços do concelho de Matosinhos a 12 de janeiro, cerca de 15 dias depois da "prenda amarga" que Bruno Oliveira, supervisor de manutenção, assemelha a uma "bomba".

"[O anúncio] foi uma bomba que caiu nas nossas vidas pessoais e familiares", atira.

O trabalhador de 38 anos, que tinha recentemente mudado para a Trofa para "encontrar alguma qualidade de vida" junto da mulher e do filho que nasceu em 2019, diz ter ficado "surpreendido", embora "palpitasse alguma coisa", uma vez que também faz parte do Sindicato da Indústria e Comércio Petrolífero.

"Investi na vida pessoal porque tinha confiança no futuro. Casei, mudei de casa, o filhote nasceu. E isto é uma bomba. Há muita gente que nos diz que já não há remédio. O encerramento será irremediável. Mas eu acho que há remédio. Tem de haver", refere, recusando atirar a toalha ao chão.

Sem o seu salário, Bruno Oliveira diz que o orçamento familiar fica abalado em mais de 50%. O desemprego não é uma situação que não conheça porque há mais de década e meia, após três anos de trabalho na Efacec, também em Matosinhos, foi despedido, mas a realidade atual é, suspira, "bem diferente e preocupante".

"Sinto que a malta está com muito desânimo. Isto traz uma ansiedade tremenda e complicações. Há pessoas há 15 e 20 anos na empresa: casos de familiares diretos", contou.

Convicção igual tem João Marinho que à Lusa descreve a situação como "preocupante" porque deixa todos ansiosos. Mas pensar no desemprego como "o futuro" não admite.

"Acredito e estou esperançado na manutenção da refinaria, mas é óbvio que isto tudo nos abala", diz.

Há 18 anos no complexo petroquímico, João Marinho, de 41 anos, acredita que a resistência dará "frutos", uma ideia partilhada por Rui Pedro Ferreira, de 56 anos, que em 34 anos na refinaria já assistiu a duas "tentativas de fecho".

Esta "terceira tentativa" é, no entanto, para Rui Pedro Ferreira, diferente porque a pressão está "mais forte", assume a par de referências sobre a "importância estratégica" da refinaria de Matosinhos para o concelho, para a região e para o país.

A Galp anunciou em dezembro de 2020 a intenção de concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos este ano.

A decisão põe em causa 500 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos, conforme estimativas dos sindicatos.

+ notícias: Norte

Protesto no hospital da Feira contra “funções deturpadas” e milhares de euros em dívida

Profissionais do Hospital São Sebastião, em Santa Maria da Feira, reuniram-se hoje à entrada da unidade em greve contra a imposição de “funções deturpadas” a cerca de 500 trabalhadores e milhares de euros de retroativos em dívida.

Lar de idosos em Ponta da Barca encerrado por falta de condições

Um lar de idosos no concelho de Ponte da Barca, em Viana do Castelo, foi encerrado na quarta-feira por falta de condições mínimas para um acolhimento digno e seguro dos utentes, informou esta terça-feira a GNR.

Douro Internacional integra Rede de Guardiãs da Natureza do Mundo Rural

O Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) passa a integrar a “Rede de Guardiãs da Natureza e Desenvolvimento Sustentável do Mundo Rural”, uma iniciativa que capacita as mulheres como guardiãs e defensoras da sustentabilidade no meio rural.