Edgar Cardoso: Cem anos após o nascimento, engenheiro é recordado como "genial"

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Porto Canal / Agências

Porto, 20 jun (Lusa) -- Inventivo, engenhoso, Edgar Cardoso serrava, martelava e esboçava tudo nas suas obras, nem que fosse numa cenoura, como fez com o pilar da ponte de S. João, a segunda travessia que o engenheiro das pontes fez sobre o Douro.

A primeira obra de Edgar Cardoso sobre o rio foi a ponte da Arrábida, que completa 50 anos no sábado, 22 de junho do ano em que se assinala o centenário do nascimento de um engenheiro "realmente genial", como o descreve o sobrinho, de 61 anos, e "muito criativo", como recorda o seu desenhador.

"Andava-se à volta do pilar, se havia de ser redondo, se losango, como havia de ser o quebra-mar porque o Douro tem cheias e correntes fortes. Então, num sábado, estava no escritório, ele apareceu-me com um ar sorridente, parecia quase uma criança e disse «ó chefe, já sei como vai ser o pilar da ponte S. João» e mostrou-me o modelo esculpido numa cenoura que tinha feito com um x-ato em casa antes de sair", descreve Aristides Fernandes, de 88 anos, colaborador de Edgar Cardoso durante 50 anos.

Desenhar para o engenheiro "era fácil", porque "ele esboçava aquilo que queria" e "nunca mandava fazer as coisas sem experimentar primeiro".

"Serrava, martelava, fazia os modelos. Às vezes eu chegava ao escritório às 09:00, 09:30, 10:00 e ele estava cheio de detritos da serra de estar a fazer o modelo que imaginava", recorda Aristides Fernandes.

Este desenhador de Edgar Cardoso durante 50 anos lembra-o como "muito inventivo" e utilizador de uma "técnica de vanguarda", através dos chamados "modelos reduzidos.

"Ele queria ver, sentir como se comportavam as estruturas que imaginava. Nos modelos reduzidos, via o comportamento real da estrutura que imaginava. Quando construía o modelo tinha não só a visão tridimensional da obra imaginada como ela era ensaiada. Por com comparação com o comportamento do modelo transportava aquilo para a obra real. Nunca houve um erro de vírgula", descreve o ex-colaborador.

João Cardoso destaca que para Edgar Cardoso "a natureza nunca se engana nas vírgulas, como podia acontecer ao introduzir dados no computador.

"O material tem sempre razão. Ele confiava mais na natureza do que em cálculos complicadíssimos", descreve o engenheiro explicando que os modelos reduzidos do tio não eram maquetes, mas uma forma de "cálculo experimental de estruturas",

"A redistribuição dos esforços numa estrutura complexa com vários elementos não é feita naquelas incríveis matrizes e sistemas de equações com 20 incógnitas. A natureza não faz as coisas assim. Foi isso que Edgar Cardoso percebeu: a redistribuição dos esforços faz-se apenas pela volumetria relativa das várias peças, é independente da escala e do seu material. Aí está a base do seu método", descreve.

Para o pôr em prática, fez uso da formação em engenharia eletrotécnica, inventando dois aparelhos para as medições necessárias, e para fotografar cada detalhe das pontes que imaginava ou dos locais onde as queria implantar engendrou uma máquina fotográfica de 360 graus, atualmente em exposição na sala Edgar Cardoso do Museu de Resende.

ACG // MSP

Lusa/fim

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