Movimento cívico quer comissão independente a supervisionar Águas de Gondomar
Porto Canal com Lusa
O movimento cívico criado em Gondomar para acabar com a privatização da água, reúne-se na quinta-feira com a Câmara Municipal, a quem vai propor constituir uma comissão independente de supervisão da gestão da empresa concessionada.
A insatisfação pelo preço da água no município pela Águas de Gondomar, a quem em 2001 foi concessionada por um prazo de 30 anos a gestão daquele bem público, ditaram a constituição do Movimento Cívico em Defesa dos Interesses dos Consumidores das Águas de Gondomar que "nas últimas semanas reuniu-se com vários partidos" e a quem expôs as suas soluções, disse à Lusa, o porta-voz Miguel Azevedo.
"Já falámos com a CDU, CDS, BE e com o PS e de todos nos pareceu haver disponibilidade para se encontrar uma solução pelo menos até terminar a concessão", disse o representante do movimento.
E prosseguiu: "todos com quem falámos concordaram que o tarifário é alto e que, por isso, as nossas propostas fazem todo o sentido, ressalvando sempre a dificuldade que é reverter a concessão das águas" pela autarquia liderada pelo socialista Marco Martins.
No panorama político de Gondomar, ressalvou Miguel Azevedo, "falta reunir com o PSD e com o independente Valentim Loureiro", sendo que dos social-democratas, sublinhou, receberam a vontade de "reunir ainda esta semana" com o movimento.
Dessas reuniões, Miguel Azevedo destacou a com o PS, "liderada pelo deputado na Assembleia da República e antigo vereador da autarquia, Carlos Brás, em representação do presidente da câmara".
"O próprio PS pensou em algumas soluções, que poderão passar por o município comparticipar uma parte dos custos até ao final da concessão [2031], pois da parte das Águas de Gondomar não há vontade para fazer cedências", disse.
Ao elevado preço da água, junta-se também o problema do saneamento, enfatizou o porta-voz, entendendo como razão para haver um "consenso em torno da criação de uma comissão independente, para fazer a supervisão da atividade da empresa".
"Vamos também pedir uma reunião à Águas de Gondomar, temos é dúvidas de que eles queiram encontrar connosco uma solução para o problema", disse o responsável, situação que leva o movimento a avançar na quinta-feira com o pedido da "comissão independente de supervisão da gestão da empresa concessionada".
Num quadro comparativo sobre a taxa de disponibilidade a que a Lusa teve acesso verifica-se que em Gondomar é de 6,1733 euros, bem acima dos valores praticados no Porto (3,4684), Vila Nova de Gaia (4,000), Maia (não tem) e Matosinhos (5,8393).
Quanto ao custo por escalão, em Gondomar, entre os 0 a 5 metros cúbicos, que corresponde ao primeiro escalão, é cobrado 0,7123 euros, enquanto no segundo escalão, entre os 5 a 15m3, sobe para 1,6146 euros e para os 3,0865 euros no terceiro escalão, entre 15 a 25m3. Fazendo a comparação, os restantes cinco concelhos, estes cobram entre menos 0,1923 e menos 1,2436 euros.