Buzinão na Trofa contra aterro em Covelas acusa câmara de “traição”

| Norte
Porto Canal com Lusa

Centenas de carros participaram hoje no buzinão contra a instalação do aterro em Covelas, concelho da Trofa, acusando de "traição" o presidente da câmara, Sérgio Humberto.

Atualizado 28-06-2020 12:12

De Covelas ao centro da Trofa, as centenas de carros liderados por cerca de 20 tratores entupiram as ruas da cidade, estimando a organização que a fila "tenham atingido os quatro quilómetros".

Na origem da manifestação está o anúncio, feito a 19 de maio, à Lusa, por Sérgio Humberto, da instalação de um aterro sanitário na Trofa, a troco de uma indemnização de 2 milhões de euros pagos pela empresa gestora de aterros Resinorte.

Dez dias depois, em comunicado assinado pelo executivo, foi anunciado um recuo na pretensão da câmara patrocinar a instalação do aterro, mas isso não foi suficiente para demover os protestos que, por essa altura, já tinha ganhado expressão nascendo o "Movimento contra o aterro em Covelas".

"Sentimo-nos traídos pelo presidente da câmara", disse à Lusa Miguel Moreira Silva, um dos promotores do movimento e do buzinão que hoje percorreu cerca de 15 quilómetros pelas ruas da Trofa, com tripla passagem à porta da autarquia.

E prosseguiu: "É a mesma coisa que eu, sendo casado, trair a minha esposa. Obviamente que ela não volta a acreditar em mim. E o Sérgio Humberto traiu-nos e nós não confiamos nele".

Na caravana onde podia ler-se nas muitas tarjas colocadas nos carros "Saúde não se vende", "Saúde sim lixo não" e "São Gonçalo não é padroeiro do lixo", numa alusão ao santo da igreja de Covelas, viram-se também bandeiras negras, num caminho onde as buzinas dos carros fizeram horas extraordinárias.

Miguel Moreira Silva considerou "naturais" as acusações de que o protesto "está politizado", mas afastou essa realidade, frisando que o grupo "é formado por gente que trabalha, sem cor partidária e apenas e só contra o aterro".

Aliado ao protesto, os sinos de cinco igrejas e capelas da Trofa tocaram a rebate às 16:00 e 16:20, aproveitando a passagem da caravana, testemunhou a Lusa no local.

"Gostávamos que o presidente da câmara se juntasse a nós [no Parque da Nossa Senhora das Dores, onde as pessoas de juntaram para o buzinão dar lugar às palavras], mas está visto que não vem", lamentou o responsável.

O mesmo argumento foi utilizado por Clara Mendes, de Covelas, que conversou com a Lusa enquanto a caravana cumpria os últimos metros até ao parque, testemunhando "não confiar em Sérgio Humberto".

"Vamos protestar até ter a garantia de que não vem para cá o aterro. Sentimo-nos traídos", disse antes do marido, Joaquim Mendes, entrar na conversa e completar o raciocínio.

"Estiveram a negociar durante dois anos pela calada, nas nossas costas e pensando que o povo de Covelas iria aceitar, mas quando percebeu que não iria ser assim recuou, logo não podemos confiar em que faz isso", disse Joaquim Mendes.

Reclamando "uma prova de confiança" de Sérgio Humberto e que essa seria "estar ao lado do povo, hoje, na manifestação", lamentou haver "muitos motivos para o povo português não poder confiar em políticos", citando este "como um desses casos".

A GNR acompanhou sempre à distância a manifestação, pugnando para que, sobretudo quando as pessoas no final se concentraram durante cerca de 15 minutos no parque o fizessem respeitando o distanciamento social.

 

 

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