Trabalhadores da Tecniwood acusam administração de "gestão danosa"
Porto Canal / Agências
Braga, 18 jun (Lusa) - Um grupo de trabalhadores da Tecniwood, em Braga, acusa a administração de "delapidar" o património da empresa e de "gestão danosa" e reclama o pagamento de salários em atraso e de "direitos prometidos"quando foram alvo de um despedimento coletivo.
Em declarações à agência Lusa, os trabalhadores daquela empresa de madeiras afirmam que a administração "roeu a corda" na fase final de negociação e que não entendem como é que uma empresa que em 2010 faturou 30 milhões de euros "está agora a ir pelo cano".
Contactada pela Lusa, a administração explicou que a situação da empresa deve-se "à conjuntura económica", mas garantiu ser "ponto de honra" respeitar os direitos dos trabalhadores que foram despedidos.
"Estamos desde março com salários em atraso. Fomos todos vítimas de despedimento coletivo e garantiram-nos que não perderíamos qualquer regalia. A gente aceitou e fomos para negociação mas, na última reunião, a empresa roeu a corda", explicou o trabalhador Francisco Barbosa.
O despedimento coletivo, a 12 de março, atingiu 12 dos cerca de 40 trabalhadores que a Tecniwwod empregava.
"Deste que esta administração assumiu o comando [setembro de 2012] o que temos assistido é a um delapidar de património, compras inúteis, venda dos camiões, compra de carros para a administração. Há uma gestão danosa", acusam os trabalhadores.
Criada em 1985, a Tecniwood é agora gerida pelo Grupo Pedro Teixeira de Melo, SA, e tem sido "obrigada", segundo os trabalhadores, a "recusar" trabalho.
"Clientes, tínhamos. O que nunca entrou aqui foi material para trabalharmos e é por isso que as encomendas deixaram de aparecer", apontou Francisco Barbosa
Contactado pela Lusa, o administrador da Tecniwood, Neves Ferreira, explicou que a empresa atravessa uma "situação complicada" por causa da "conjuntura económica" que o país atravessa.
"A grande parte dos nossos clientes é dos ramos da construção civil e da carpintaria. Estão em áreas que atravessam uma grave crise e que foram deixando de nos pagar também", explicou.
Mas, garantiu, "é ponto de honra desta administração salvaguardar todos os direitos destes trabalhadores".
Confrontado com as acusações de depilação de património e de "compras inúteis", o responsável escusou-se a comentar, embora negue tais práticas.
"Isso não é verdade. Mas não entro nessas questões, não discuto amendoins quando o problema é bem maior do que isso", afirmou.
A Tecniwood, adiantou Neves Ferreira, "concorreu ao Programa Especial de Revitalização (PER), está à espera de uma resposta e esta administração tem todo o interesse em recuperar a empresa".
Os trabalhadores prometem continuar o protesto "até estar tudo resolvido" mas, afirmam, estar "abertos ao diálogo".
A média de salários destes 12 trabalhadores é de 900 euros."Em média", trabalham na Tecniwood há cerca de 15 anos.
"Esta empresa só está neste estado porque quem manda assim o quer", afirmam.
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