Manuela Ferreira Leite afirma que Portugal vai sair do programa de ajustamento porque outros países precisam de ajuda
Porto Canal
A ex-ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite afirmou hoje que Portugal vai sair do processo de ajustamento, não porque tenha atingido os objetivos impostos pela 'troika', porque há outros países da União Europeia com mais dificuldades que Portugal.
“Vamos sair do processo de ajustamento, não porque tenhamos atingido os objetivos, mas porque há outros países em situações piores que as nossas”, disse hoje em Lisboa, no Fórum das Politicas Publicas.
Manuela ferreira Leite criticou ainda o processo de ajustamento, dizendo que “não foi avaliada de forma correta a situação do pais”, nomeadamente quanto ao facto de a estrutura produtiva ser baseada em pequenas e médias empresas e de o endividamento não ser só do Estado “mas também, e especialmente”, das empresas.
A ex-ministra disse ainda ser um “erro básico” o período “irrealista” definido para o programa de ajustamento e lembrou que a recessão económica acabou por ser “superior ao que se previa”.
Admitindo que o processo de ajustamento “provavelmente não podia ter sido outro”, Manuela Ferreira Leite defendeu no entanto que fazer uma correção orçamental em recessão “é inviável” e defendeu que o país chegou ao fim do período de ajustamento e “não tem correção orçamental”.
“Aliás, há alguma [correção orçamental], mas não é proporcional às medidas tomadas para esse objetivo”, disse, lembrando o efeito das medidas de austeridade.
Algumas reformas estruturais feitas pelo atual Governo foram “realçadas” pela antiga ministra, como as privatizações, a saúde, a lei do arrendamento, mas defendeu que há aspetos importantes do ponto visto estrutural que não foram efetuados, como a reforma da administração pública, que disse ter ficado resumida a alterações nas freguesias, ou a falta de “mexidas” no setor da energia.