Costa admite governar com acordos pontuais se não tiver entendimento à esquerda
Porto Canal com Lusa
O secretário-geral do PS admitiu hoje governar com acordos pontuais, procurando a estabilidade "dia-a-dia", se não conseguir repetir um entendimento com os parceiros de esquerda, e frisou que nunca colocará em risco a credibilidade externa do país.
Esta tipo de solução, semelhante àquela que foi posta em prática pelo Governo de António Guterres entre 1995 e 1999, com acordos pontuais `do PS tanto à direita como à sua esquerda, foi admitida por António Costa na conferência de imprensa sobre os resultados das eleições legislativas de domingo.
Questionado pela agência Lusa sobre em que medida está disponível para acordos pontuais com o PSD, designadamente em matéria orçamental e num cenário de contenção orçamental, António Costa defendeu que "a direita foi derrotada" nestas eleições legislativas.
"Se interpreto bem os resultados, os portugueses desejam a continuidade da atual solução política. Se não houver vontade dos outros parceiros na continuidade dessa solução, terei de respeitar naturalmente essa vontade e teremos de prosseguir com um Governo do PS que trabalhará dia-a-dia para manter essa estabilidade ao longo dos quatro anos", respondeu o secretário-geral do PS.
Neste ponto, António Costa disse mesmo ter "a certeza que não há um único português que tenha votado pela instabilidade ou por um Governo com um prazo dois anos".
"A vontade de todos é que o próximo Governo dure quatro anos e seja do PS. A experiência de 2105 revelou-se uma boa solução. Acho que aquilo que correu bem não deve ser alterado", defendeu.
António Costa afirmou respeitar a interpretação do PCP de que os últimos quatro anos não correram como os portugueses queriam e que houve "uma luta da esquerda contra o PS".
Pelo contrário, segundo o secretário-geral do PS, "os portugueses não disseram que esta era uma solução para não repetir".
"Um PS reforçado aumenta a estabilidade. Temos um programa com compromissos claros e com contas certas a sustentá-lo. Não estamos disponíveis para colocar em causa a credibilidade externa do país", advertiu o líder socialista.