Greve das trabalhadoras da limpeza de Gondomar com 95% de adesão
Porto Canal com Lusa
A greve das trabalhadoras da limpeza de edifícios públicos de Gondomar iniciada na terça-feira está a registar uma adesão de 95%, indicou hoje o Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Atividades Diversas (STAD).
Em causa uma paralisação de cinco dias que termina sábado e que abrange um universo de cerca de duas dezenas de trabalhadoras da Byeva, empresa contratada pela Câmara de Gondomar para o serviço de limpeza de equipamentos do concelho como pavilhões e piscinas.
Em declarações à agência Lusa, Eduardo Teixeira, do STAD, apontou que “a adesão tem sido muito grande” e que “a paralisação está a gerar impacto uma vez que há reclamações e registo de lixo nas instalações que não têm limpeza”.
O responsável contou que as trabalhadoras da Byeva têm o salário do mês de maio em atraso e que “só algumas, muito poucas, já recebeu junho”, enquanto “os subsídios não são pagos desde outubro do ano passado”.
Já em comunicado, o STAD falou em “trabalho escravo” e em “falta de respeito” por parte da Byeva, aproveitando para pedir ajuda à Câmara de Gondomar para que esta intervenha junto da empresa.
“Sabemos que têm um contrato a cumprir e não estamos a pedir uma intervenção legal, mas moral. A Câmara tem de ajudar as trabalhadoras e chamar a empresa à razão ou encontrar alternativa à empresa”, defendeu, na segunda-feira, a coordenadora nacional do STAD, Viviana Silva.
A coordenadora descreveu que “há longos meses os pagamentos são sempre feitos muito depois do final/início do mês” o que, disse, “causa muitos constrangimentos porque se tratam de salários baixos”.
“Em alguns casos, porque nem todas fazem oito horas diárias, nem se está a falar do salário mínimo [nacional]. A empresa não cumpre com o seu principal dever que é fazer pagamentos a tempo e horas. Às vezes paga ao dia 18 ou 19 ou 20, e as pessoas têm contas para pagar e a vida para orientar. É insustentável”, disse a coordenadora.
Hoje, questionados pela Lusa, sobre desenvolvimentos das reivindicações e dos pedidos das trabalhadoras, os responsáveis do STAD acusaram a Byeva e a autarquia de Gondomar de “permanecerem num silêncio insultuoso”.
Esta não é a primeira ação de luta associada a este caso, uma vez que em fevereiro e em abril as trabalhadoras concentraram-se em frente à Câmara de Gondomar, no distrito do Porto.
O STAD avançou já que “as trabalhadoras estão dispostas a avançar futuramente com uma greve de 15 dias”.
A agência Lusa tentou contactar responsáveis da empresa, mas até ao momento, 17:30, não foi possível obter resposta.
Quanto à Câmara de Gondomar, esta admitiu que a greve teve impacto nas sete piscinas do concelho, mas não foi sentida em outras instalações como biblioteca, auditório municipal, pavilhão multiúsos e complexo GoldPark.
“Não vamos interferir na relação entre uma prensa privada e os seus trabalhadores”, disse a mesma fonte da Câmara, reiterando declarações feitas em abril.
“Estamos atentos. É algo que lamentamos, mas temos pago a tempo e horas o que está contratualizado. Aliás já antecipamos pagamentos para que a empresa tenha como corresponder com as funcionárias”, concluiu.