Advogado de autarca de Barcelos diz que a "Teia vai parir um rato"
Porto Canal com Lusa
Porto, 29 mai 2019 (Lusa) - O advogado Nuno Cerejeira Namora revelou hoje que o presidente da Câmara de Barcelos que foi hoje detido pela Polícia Judiciária, está acusado de apenas um crime de corrupção passiva, sublinhando que "a 'Teia' vai parir um rato".
"À medida que começo a ter contacto com o processo, a nossa revolta, a minha e do senhor presidente da Câmara de Barcelos cresce de hora para hora. Na verdade, a 'Teia' [nome da operação da PJ em curso] vai parir um rato", defendeu.
Segundo Nuno Cerejeira Namora, que falava aos jornalistas à saída das instalações da Polícia Judiciária (PJ) do Porto, onde Miguel Costa Gomes se encontra deste o final da manhã, "o processo está cheio de nada, de uma mão cheia de nada e de coisa nenhuma".
"Já sei [dos ajustes diretos em causa], mas não vos vou dizer porque se iam partir a rir com o ridículo desta acusação. É na realidade vergonhoso brincar com as autarquias, brincar com o poder local, brincar com a democracia, com um processo que não tem matéria absolutamente nenhuma", acrescentou.
De acordo com Nuno Cerejeira Namora, o presidente da Câmara de Barcelos está acusado "de um único crime, um crime de corrupção passiva".
"Isto é uma vergonha. A 'Teia' vai parir um rato, daí crescer a indignação, a revolta, mas por outro lado a coragem e força do presidente na sua libertação muito rápida.", declarou, sublinhando que não admite nenhuma outra medida que não seja a prestação do Termo de Identidade e Residência (TIR).
Ainda segundo o advogado, é expectável que os quatro detidos comecem a ser ouvidos esta quinta-feira, da parte da tarde.
Fonte da PJ do Porto confirmou à Lusa que as buscas já terminaram.
O presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes e o presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, a empresária Manuela Couto, sua mulher e o presidente do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, Laranja Pontes, foram hoje detidos pela PJ no âmbito de um processo em que estarão em causa os crimes de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio.
Em comunicado, a Diretoria do Norte da PJ explica que em causa está "a prática reiterada de viciação de procedimentos de contratação pública com vista a favorecer pessoas singulares e coletivas, proporcionando vantagens patrimoniais".
Na operação policial, denominada Teia, realizaram-se 10 buscas domiciliárias e não domiciliárias nas zonas do Porto, Santo Tirso, Barcelos e Matosinhos que envolveram dezenas de elementos da Polícia Judiciária - investigadores, peritos informáticos, peritos financeiros e contabilísticos, bem como magistrados judiciais, magistrados do Ministério Público e representantes de ordens profissionais.
A Lusa questionou a mesma fonte da PJ sobre se a Operação Teia estava relacionada com a Operação Éter, e a resposta foi negativa, que "são operações distintas", mas com "as mesmas equipas de investigação".
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