Mulher do presidente Câmara de Santo Tirso também detida pela PJ
Porto Canal com Lusa
Porto, 29 mai 2019 (Lusa) -- A empresária Manuela Couto, mulher do presidente da Câmara de Santo Tirso, junta-se ao marido na lista das pessoas detidas hoje por corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio, confirmou à Lusa fonte da Polícia Judiciária (PJ).
A mulher de Joaquim Couto, de 48 anos, é administradora da W Global Communication (antiga Mediana) e foi uma das cinco pessoas detidas em outubro de 2018 pela PJ no âmbito da Operação Éter por crimes económicos associados da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP).
Além de Manuela Couto e do marido, de 68 anos, foram hoje detidos pela PJ, no âmbito de uma operação com o nome de código "Teia", o presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Miguel Costa Gomes, de 61 anos, e o presidente do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, Laranja Pontes, de 68 anos.
Na operação policial realizaram-se 10 buscas, domiciliárias e não domiciliárias, nas zonas do Porto, Santo Tirso, Barcelos e Matosinhos que envolveram dezenas de elementos da Polícia Judiciária - investigadores, peritos informáticos, peritos financeiros e contabilísticos, bem como magistrados judiciais, magistrados do Ministério Público e representantes de ordens profissionais.
A PJ desconhece ainda quando é que os suspeitos vão ser presentes ao juiz de Instrução Criminal para fixar as medidas de coação, mas confirmou à Lusa que os detidos estão a acompanhar as buscas policiais nas câmaras e nas residências.
Em comunicado, a Diretoria do Norte da PJ explica que a detenção está relacionada com "negócio no âmbito de contratação pública" e resulta de "inquérito titulado pelo Ministério Público -- Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto".
Em causa está "a prática reiterada de viciação de procedimentos de contratação pública com vista a favorecer pessoas singulares e coletivas, proporcionando vantagens patrimoniais".
"A investigação, centrada nas autarquias de Santo Tirso, Barcelos e Instituto Português de Oncologia do Porto, apurou a existência de um esquema generalizado, mediante a atuação concertada de autarcas e organismos públicos, de viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste direto com o objetivo de favorecer primacialmente grupos de empresas, contratação de recursos humanos e utilização de meios públicos com vista à satisfação de interesses de natureza particular", afirma a PJ.
A investigação, adianta a PJ, "vai prosseguir para apuramento de todas as condutas criminosas e da responsabilização dos seus autores"
No âmbito da Operação Éter, o presidente da TPNP, Melchior Moreira, que foi detido a 18 de outubro de 2018 pela Polícia Judiciária, continua a aguardar julgamento em prisão preventiva no âmbito da investigação policial Operação Éter, enquanto Manuela Couto, administradora de várias empresas, designadamente da agência de comunicação W Global Communication (antiga Mediana), viu-lhe ser aplicada a medida de proibição de contactos e uma caução económica de 40 mil euros.
Isabel Castro, diretora operacional do Turismo do Porto e Norte de Portugal, ficou suspensa de funções e com proibição de contactos e Gabriela Escobar, jurista daquela entidade, ficou sujeita a proibição de contactos, e José Agostinho, da firma Tomi World, de Viseu, ficou sujeito a proibição de contacto e uma caução económica de 50 mil euros.
CCM/JGJ/ACG // MSP
Lusa/Fim