Astrofísicos descobrem o possível 'gatilho' da aceleração da atmosfera de Vénus

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 07 dez (Lusa) - Astrofísicos, incluindo o português Pedro Machado, descobriram o que pode ser o 'gatilho' da 'superrotação' da atmosfera de Vénus, onde os ventos são muito fortes porque a rotação da sua atmosfera é mais rápida do que a do planeta.

Os astrofísicos descobriram que há uma aceleração de ventos na atmosfera de Vénus na transição do lado diurno para o lado noturno do planeta, o que, segundo Pedro Machado, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), parece ser "a ignição, o gatilho" para a atmosfera de Vénus completar uma volta ao planeta 60 vezes mais rápido do que o período de rotação do próprio planeta.

Depois desta descoberta, hoje divulgada pelo instituto português em comunicado, falta agora confirmar se esta aceleração de ventos registada na zona crepuscular não é esporádica e se se mantém em contínuo em todo o planeta, assinalou à Lusa Pedro Machado.

Para chegar ao resultado, publicado na revista científica Astrophysical Journal, a equipa internacional de astrofísicos da qual faz parte Pedro Machado, e liderada pelo espanhol Javier Peralta, partiu de imagens da sonda espacial japonesa Akatsuki, que se encontra na órbita equatorial de Vénus, e de observações feitas com o telescópio terrestre Galileo, nas Canárias, em Espanha.

Durante um ano, a sonda observou o lado noturno de Vénus, "permitindo analisar as nuvens entre os 48 e os 70 quilómetros de altitude", onde foi detetada a aceleração dos ventos na transição do lado diurno para o lado noturno do planeta.

O estudo das nuvens a estas altitudes só foi possível graças à análise da luz infravermelha (visível apenas com o auxílio de determinados telescópios, como o das Canárias) emitida pelo próprio planeta.

Devido ao efeito de estufa produzido pela sua atmosfera, a zona abaixo dos 48 quilómetros de altitude torna-se demasiado quente, a ponto de emanar "uma grande quantidade de radiação térmica no infravermelho", refere Pedro Machado, citado no comunicado do IA.

Segundo o especialista em sistemas planetários, "esta radiação, ao atingir a camada de nuvens, e sendo estas umas mais densas e outras menos, permite traçar as suas silhuetas nas imagens obtidas no infravermelho", acompanhar a formação de nuvens e "construir o mapa dos ventos ao longo do tempo".

Vénus, ao contrário da Terra e de Marte, tem um período de rotação muito lento, ao girar sobre o seu eixo a cada 243 dias terrestres (o movimento de rotação da Terra e de Marte dura 24 horas).

A atmosfera de Vénus, ao invés da de Marte ou da Terra, roda dessincronizada com o planeta, gerando permanentemente ventos muitos intensos, com velocidades de mais de 360 quilómetros por hora, disse à Lusa Pedro Machado, que parte em janeiro para o Havai, nos Estados Unidos, para uma campanha de observações de Vénus com um telescópio da agência espacial norte-americana NASA.

O objetivo é observar "em contínuo cada zona do planeta" para confirmar se a aceleração de ventos detetada na sua zona crepuscular se mantém uniforme em todas as regiões de Vénus.

ER // JMR

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