Jogador do Canelas confessa agressão a árbitro, mas nada diz sobre ameaças posteriores
Porto Canal com Lusa
Um ex-futebolista do Canelas 2010 confessou esta sexta-feira ao tribunal de Gondomar ter agredido um árbitro em 2017 e disse-se "arrependido", mas nada esclareceu sobre alegadas ameaças à vítima e família, em momento posterior, no acesso aos balneários.
Atualizado 13-10-2018 12:57
"Fiz o que não devia ter feito", disse o arguido, Marco Gonçalves, referindo-se à agressão ao árbitro José Rodrigues com uma joelhada no nariz, após ter sido expulso no decorrer de um jogo entre o Rio Tinto e o Canelas 2010, da fase de subida do Campeonato Distrital do Porto, em 02 de abril de 2017.
“Não consigo explicar [o que fiz], nada explica uma agressão”, acrescentou o arguido ao depor hoje no início do julgamento.
Além da agressão, o processo alude a expressões intimidatórias da integridade física do árbitro e suscetíveis de coartar a sua liberdade, já no túnel de acesso aos balneários, mas o arguido disse não se recordar dessa parte da acusação.
“A partir daí [do momento da agressão] bloquei completamente”, declarou.
Algumas testemunhas oculares também chamadas hoje ao tribunal de Gondomar disseram não ter ouvido quaisquer ameaças ao árbitro no túnel de acesso aos balneários e outras garantiram o contrário.
Um dos que nada ouviu e nada reportou no seu auto de notícia foi o chefe de polícia presente no local que, no entanto, citou outros agentes da PSP igualmente destacados para o jogo de Rio Tinto.
Face a esse depoimento, o tribunal decidiu chamar os agentes a depor na próxima sessão do julgamento, marcada para 07 de novembro.
Neste processo, o arguido está acusado de um crime de ofensa à integridade física qualificada e de outro de ameaça agravada.
Diz a acusação que Marco Gonçalves, depois de agarrar o juiz pelo pescoço e de fazer uma “gravata”, “puxou-lhe a cabeça e desferiu-lhe uma pancada com o joelho, atingindo-o na cara, especialmente no nariz”.
Em consequência da agressão, José Rodrigues esteve doente durante 60 dias, com igual afetação da capacidade para o trabalho, acrescenta.
O árbitro reclama, por isso, ao arguido uma indemnização global de 32.000 euros, dos quais 25.000 se reportam a danos não materiais.
Ainda de acordo com a acusação, quando o árbitro era socorrido pelo massagista da equipa do Rio Tinto, o arguido dirigiu-se a ele novamente, proferindo expressões intimidatórias da sua integridade física e suscetíveis de coartar a sua liberdade.
Na altura dos factos, o jogador do Canelas foi suspenso por quatro anos e cinco meses pela Comissão de Disciplina da Associação de Futebol do Porto (AF Porto).
Além da suspensão, o atleta teve de pagar uma indemnização ao árbitro de 4.125 euros e outra à Associação de Futebol do Porto correspondente a 20% daquele montante.
Por seu lado, o Canelas 2010 foi sancionado com a pena de derrota no jogo com o Rio Tinto, ao qual teve de pagar uma indemnização de 1.605 euros, a que acresceu um pagamento à AF Porto de 20% desse montante.
O clube de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, foi ainda multado em mais 400 euros.
Depois do sucedido, que chegou a ser noticiado por agências internacionais, os dirigentes do Canelas 2010 garantiram que o jogador não voltaria a representar as cores do clube.