Bolseiros viraram costas ao hemiciclo após maioria defender novo modelo de financiamento
Porto Canal / Agências
Lisboa, 29 jan (Lusa) - Dezenas de pessoas, aparentemente bolseiros de investigação, voltaram hoje costas ao hemiciclo após debate sobre a atribuição de subsídios para cientistas na Assembleia da República, no qual a maioria PSD/CDS-PP reiterou apoio ao modelo de financiamento da ciência.
O vice-presidente do Parlamento e deputado socialista Ferro Rodrigues, em substituição da social-democrata Assunção Esteves, enquanto lia o expediente seguinte, só reparou no protesto quando alertado pelo vice-líder parlamentar do PSD Luís Menezes, enquanto os manifestantes se mantinham em silêncio.
Bolseiros de investigação científica protestaram hoje em vários pontos do país contra o desinvestimento no setor em Lisboa, junto ao parlamento, mas também no Porto e em Coimbra. A Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) tinha uma petição sua em debate em São Bento, tal como o PCP, que apresentou um decreto-lei contra o desmantelamento do Sistema Científico e Tecnológico Nacional.
A deputada comunista Rita Rato considerou "fundamental salvaguardar postos de trabalho e unidades e laboratórios de investigação" e defendeu a atribuição de novas bolsas "utilizando como referência mínima o número e valor das bolsas atribuídas no concurso de 2012".
A Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), entidade pública que atribui o apoio financeiro à investigação, revelou recentemente que os concursos de 2013, com efeitos práticos em 2014, resultaram em menos 900 bolsas individuais de doutoramento e menos 444 bolsas de pós-doutoramento.
"Depois de ter morrido argumento de que faltava investimento à ciência, querem agigantar agora o argumento de que com menos bolsas individuais não há ciência", contrariou a social-democrata Nilza Sena, que aconselhou a oposição a "não fazer tempestade de um copo de água", acompanhada pelo deputado do CDS-PP Michael Seufert, o qual anteviu "condições, porventura, melhores" para os investigadores.
A coordenadora do BE Catarina Martins apontou a existência de "menos 40 por cento de bolsas e menos 15 por cento de orçamento para a FCT"
"Os bolseiros e investigadores em Portugal deram provas em toda a sua carreira. Se há quem seja avaliado e escrutinado em Portugal são os bolseiros de investigação", afirmou.
A deputada socialista Elza Pais acusou o Governo de "mandar 5.000 cientistas para o desemprego ou para a emigração", acrescentando que "não há justificação para este desbaratamento ao nível dos recursos humanos qualificados a não ser uma obsessão ideológica de empobrecimento do país".
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