CGTP acusa Governo de avançar para "negócio ruinoso" de "venda nos olhos"

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Porto Canal / Agências

Viana do Castelo, 02 jan (Lusa) - O secretário-geral da CGTP acusou hoje o Governo de, ao promover a subconcessão dos Estaleiros de Viana, avançar para um "negócio ruinoso" de "venda nos olhos", mas defendeu que ainda é possível parar o processo.

De acordo com Arménio Carlos, em causa está, nomeadamente, a falta de garantias na contratação de trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo pelo novo subconcessionário West Sea (Martifer).

"Não há nenhum que papel diga quantos serralheiros, soldadores, eletricistas ou montadores precisam. O mesmo é dizer que o negócio, se porventura se concretizar, leva a que o Governo entre de venda nos olhos para um negócio que, repito, é ruinoso", sublinhou o líder da CGTP, que hoje participou em várias reuniões nos estaleiros.

Os 609 trabalhadores dos ENVC regressaram hoje à empresa, após a habitual paragem do Natal. Até 31 de dezembro, 42 trabalhadores já tinham assinado rescisões amigáveis dos contratos, propostas pela administração.

Fontes ligadas a este processo indicaram à agência Lusa que a assinatura do contrato de subconcessão dos terrenos e equipamentos dos ENVC ao grupo Martifer deverá acontecer a 07 de janeiro deste ano, sendo o mesmo válido até 31 de março de 2031, conforme previsto no concurso internacional lançado em setembro.

"Pode ser um bom negócio para a Martifer, para a Mota-Engil. Mas é desastroso para o país, para a região e para a indústria naval. E nós não aceitamos isso", afirmou Arménio Carlos, depois de participar num plenário geral de trabalhadores, realizado hoje nos estaleiros.

Apesar da adesão de dezenas de trabalhadores ao plano de rescisões, que vai custar ao Estado mais de 30 milhões de euros, e de acertada a adjudicação do contrato de subconcessão à Martifer - que prevê recrutar 400 trabalhadores -, o secretário-geral da CGTP insistiu que ainda é possível travar o encerramento.

"Na nossa opinião, há todas as condições para se parar o negócio. São tantas, tantas, tantas as nuvens escuras que se adensam em torno deste negócio que só alguém com pouco bom senso ou envolvido no negócio é que não porá travão ao mesmo negocio", disse.

O líder da intersindical acentuou as críticas, afirmando que "é preciso descobrir" quem está "por detrás" do negócio da subconcessão.

"O testa de ferro é a Martifer e já percebemos que onde a Martifer por norma mete a mão é para estragar. Também percebemos que quem está, em termos de grande peso económico, atrás da Martifer é a Mota-Engil, que tem um espaço privilegiado nas relações com os Governos, quer com o anterior, quer com este", afirmou Arménio Carlos.

Ainda assim, o sindicalista sublinhou que a CGTP "nada tem contra" estes dois grupos privados.

"Não aceitamos é que seja a Mota-Engil ou a Martifer, como testa de ferro, a darem cabo de uma empresa que, para além de ser pública, tem futuro. Se eles querem fazer negócios, que façam negócios limpos", concluiu, recordando que no processo de subconcessão "não há nenhuma referência" que "assegure o futuro" da construção naval em Viana do Castelo.

PYJ // ARA

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